sábado, agosto 22, 2009

Elton John e a esquecida arte de fazer concessões

Elton John gravou uma música para o Alice in Chains, mais especificamente dedicada ao ex-vocalista do conjunto, o falecido Layne Staley. A canção se chama “Black Gives Way to Blue" e estará no disco novo da banda, a ser lançado – oficialmente – em 29 de setembro. Mas não foi extensamente negociado. Elton simplesmente apareceu no estúdio e pediu para conversar com a banda.

O cantor inglês é um homem ocupado. São quarenta e cinco anos de carreira, que lhe renderam vinte e nove álbuns de estúdio. Ele já lançou três outros discos de inéditas nos últimos oito anos. A discografia completa dele, contendo também singles, compilações e eps, é daquelas que, de tão grandes, merecem um artigo próprio na Wikipédia. Na presente década, ele emplacou parcerias com o The Killers e Joss Stone. E até, err, com os Backstreet Boys, em 2000.

Já o Alice in Chains nasceu em Seattle, junto com Pearl Jam e Nirvana, aquela banda que era liderada por você-sabe-quem. Apesar de serem bandas contemporâneas de rock, da mesma cidade, o grupo nunca conseguiu (se é que tentou) ser tão conhecido quanto as duas últimas, além de ter uma pegada diferente, mais metaleira, com letras mais próximas do abismo. Teve o disco Dirt, de 1992, aclamado pela crítica roqueira mundial, mas suas canções nunca foram tão tocadas quanto as contidas em Ten ou Nevermind. Uma rápida pesquisa no google nos revela que tiveram apenas um single no ponto mais alto do pódio, No Excuses, de 1993. Gravaram um disco acústico da MTV, que passou longe da reverberação que suscitou o disco homônimo da banda de Kurt Cobain, apesar de tão qualificado quanto. No entanto, Sir Elton nunca se interessou pelo PJ ou pelo Nirvana a ponto de comparecer, meio que de supetão, aos estúdios dessas, né?

A questão é: Elton John fez valer uma brecha em sua agenda, constantemente ocupada (vide discografia), solicitou o fiel escudeiro Bernie Taupin e foi se encontrar com um grupo reconhecido (mas nem tanto), que vive a polêmica (mas nem tanta) de ressurgir com um novo vocalista, William Duvall (quem?), dono de uma banda punk (definitivamente desconhecida) de Atlanta e suplantar a figura mítica (sim!) do antigo frontman, Staley, que teve morte digna de rockstar de Seattle, ao sofrer uma overdose de heroína, em 2002.

Não adianta você negar ao seu filho ou ao seu irmão menor aqueles trinta minutos diários e fraternais de futebol sem regras, alegando “muito trabalho para fazer”, “compromissos inadiáveis”, “estafa”. Com notícias e fatos pululando de todos os meios possíveis, ele saberá que até Sir Elton John, do alto de seus sessenta e dois anos de (alguns?) excessos e, em meio a incontáveis obrigações da joie de vivre de um popstar, conseguiu algum tempo pra uns sujeitos mal vestidos de Washington.

Um comentário:

Robson Vianna disse...
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