segunda-feira, agosto 24, 2009

Garth Ennis e o Irish Pride

A Irlanda é um lugar insólito. Esses rapazes detêm uma fibra moral quase que moldada a ferro, fogo, suor e sangue. Desde os fajutos degredados que desembarcavam aos montes na então inacabada Nova Iorque aos duendes beberrões de hoje, os tais irlandeses formam uma casta forte e conscienciosa de suas cicatrizes. Do renomado literato James Joyce aos punks do Stiff Little Fingers.

A nação se encontra em evidência. Seus feriados tradicionais são comemorados em capitais longínquas (sim, Belo Horizonte) e o PIB da parte sul cresceu absurdamente, sendo hoje referência em exportação de softwares.

E é lá nesse caldeirão faiscante que nasce um particular tipo inesquecível, o principal modelador do caráter de alguns aficionados da arte seqüencial e enfant terrible da indústria dos quadrinhos, o roteirista Garth Ennis. Belfast deu vida a esse sujeito em 1970, e desde então é brindada com obras e mais obras de sórdido humor. Nota-se, ao ler suas publicações, que, além de escritor, o norte-irlandês é um pesquisador compulsivo, praticamente um predador literário do Ulster.

A principal obra de Garth é Preacher, uma saga delirante envolvendo figuras cotidianas como um pastor possuído, um vampiro malandro (não por caso, irlandês) e pedófilos em massa. Despejando o tão amaldiçoado humor negro durante toda a sua vida, Garth acabou por se constituir em um baluarte dos pessimistas do globo, até para os que não o conhecem.

Nunca troquei e-mails com Ennis, e provavelmente nunca esbarrarei com ele em alguma viela. Mas, se, em uma parada de metrô, eu trombasse e derrubasse o cidadão, ficaria bastante agradecido em ouvir um “fucking wanka” vindo daquele marginal das letras, cores e formas.

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