tag:blogger.com,1999:blog-277185822024-03-13T00:29:29.035-03:00Lazarus Threw The PartyWilliam Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-80039293289888972352010-09-19T23:12:00.002-03:002010-09-19T23:15:13.851-03:00Saiu no Estado de Minas. Reli para ver se ainda gostava. Acho que sim.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Argel e as minas</span><br /><br />O competentíssimo escritor Albert Camus, aquele que disseminou a peste, havia alcançado toda a sua fama em Paris, mas pouca gente, quase nenhuma, sabia que ele era mesmo da Argélia, de cidade pequena e produto de relação excêntrica, que misturava França e Espanha e um pai que morreu numa dessas mil guerras que pululam dia após dia. Como Francisco Nonato, imigrante honesto, leitor devoto e flamenguista sensato, estava de recesso na repartição, decidiu esquecer Bordeaux e dar um pulinho rápido em Argel e respirar o ar que Camus, homem digníssimo, havia compartilhado um tempo antes. Bouteflika, o presidente, havia dito que aquelas bandas andavam perigosas, que a guerra civil tava bombeando terror nas veias, mas Chico não deu trela e se meteu pra dentro do avião assim que pode.<br /><br />Chegando lá, decorre todo aquele processo de saudações, visitas, cigarros, cigarros e cigarros. Bares de gente desdentada, mas irreverente, um Marlboro atrás do outro, trazidos previamente da capital francesa, já que a Argélia sempre se sustentou sem vícios mundanos, muito obrigado. Francisco Nonato passou de passagem pela biblioteca pública, gingou ligeiramente com a capoeira entusiasmada que pipocava na esquina da rua grande e desviou de todas as saliências que ia encontrando pelo asfalto. Sabe como é, os franceses colonos haviam se mandado, mas as minas e as faíscas continuaram. O que Chico, mesmo com toda a cultura absorvida daqueles livros abençoados de segunda mão, não sabia, é que ele confundia os nomes, a nação das minas era outra, ali do lado, repleta de negrões que falavam português de nascença, também entendiam tudo do riscado que envolvia a capoeira, mas que residiam em uma vizinhança (bem) mais tempestuosa.<br /><br />Parou ali em frente a uma escola de polícia, coisa fina, arquitetura arrojada, colírio pras vistas. Ia protegendo o sol do rosto, esses trópicos são mesmo de assar ossos, dizia ele. As crianças iam passando empurrando bolas, chutando daqui e ali, parecia até a terra do Corcovado, lugar maravilhoso e dono de um Cristo só pra eles, que ele havia prometido pôr um igual no Ceará, naquele seu desejo contido de voltar um dia pra terrinha com pujança de vereador. E nada das tais minas aparecerem, olha que coisa. Deve ser sorte!<br /><br />Chico Nonato ri sozinho, de pé no meio da rua, atrapalhando a trave de pedra que demarcava o campo útil do futebol dos molequinhos. Ele havia esquecido como era aquele ar de terceiro mundo, pois se mandara do Brasil com o alvorecer da maturidade com a missão de engordar o crédito da família que ficou longe. Aquele cheiro de fumaça e sonho, que escapava de cada janela e se misturava com o monóxido dos automotivos, havia de repente, se juntado com os pensamentos do próprio Nonato e ele se permitiu um sorriso aberto e marcante, daqueles que reconhecem que a temporada pode estar ruim, mas a bonança é esperada. <br /><br /><br /><br />Mais um cigarro depois, o apito anuncia o fogo, o fogo sobe, os gritos brotam daquele ar úmido, um estilhaço vem zunindo e parte a lente fortificada do óculo daquele cearense bucólico que se mandou ligeiro de Quiterianópolis querendo Paris, mas que se enrabichou por Bordeaux. É a guerra civil, guerra de gente comum com fome e o choro é livre, o céu acinzentou e não há mais silhueta de pé. O cigarro do Nonato enfim caiu e acertou uma mina, escondida ali no meio da trave imponente de pedra.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-9017908454472489962010-07-19T23:54:00.002-03:002010-07-19T23:56:47.524-03:00<span style="font-weight:bold;">Um abraço</span><br /><br />... para você que faz os melhores videoclipes do mundo:<br /><br /><object style="background-image:url(http://i3.ytimg.com/vi/fmS4keLLEr4/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/fmS4keLLEr4&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/fmS4keLLEr4&hl=pt_BR&fs=1" width="425" height="344" allowScriptAccess="never" allowFullScreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object><br /><br /><object style="background-image:url(http://i3.ytimg.com/vi/nl7eggjivQU/hqdefault.jpg)" width="480" height="295"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/nl7eggjivQU&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/nl7eggjivQU&hl=pt_BR&fs=1" width="480" height="295" allowScriptAccess="never" allowFullScreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-32009998286510662972010-07-04T21:03:00.007-03:002010-07-04T21:24:29.775-03:00Tommy Guerrero é chicano, ex-skatista e ex-membro de um coletivo de Hip-Hop. Após ter conseguido tudo o que ele queria com o skate - segundo consta no IMDB, ele ganhou 500 pratas por dia para ensinar o ator Christian Slater a dar uns rolés de skate, para o filme Gleaming the Cube - resolveu gravar uns discos. A música dele mistura música eletrônica de baixa voltagem (conhecida como <span style="font-style: italic;">downtempo</span>) com música latina. Rendeu uma pá de ótimas canções e umas capas fodonas como essa, desenhada pelo artista novaiorquino Stephen “ESPO” Powers:<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/TDEmLb9HPYI/AAAAAAAAAHk/_hWFEb5LBMc/s1600/soulfoodtaqueria-lg.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/TDEmLb9HPYI/AAAAAAAAAHk/_hWFEb5LBMc/s320/soulfoodtaqueria-lg.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5490211398665846146" /></a><br /><br />Abaixo, duas sensacionais músicas do cidadão:<br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/VhYiix_ZJfA&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/VhYiix_ZJfA&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br /><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/NpAO594CtFY&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/NpAO594CtFY&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-12790469142135995992010-04-25T04:26:00.005-03:002010-06-23T14:27:47.444-03:00<div style="text-align: justify;">Eis aí um trabalho que fiz pra faculdade (e tomei no cu com ele, tirei 18 em 25 e precisava de mais. Enfim):<br /><br /><br /><br />Em um espaço de tempo de pouco mais de sessenta segundos de uma quarta-feira, 30 de março de 2010, a região central de Belo Horizonte foi tomada por uma chuva violenta. Todos os transeuntes que se encontravam na tradicional avenida Afonso Pena, sejam os que não faziam nada de mais ou os que trabalhavam duro, todoa eles foram pegos pelo súbito pé d’água. As marquises de lojas e edifícios residenciais se tornam pontos de disputas, algumas delas mais ríspidas e regadas a um palavreado pouco ortodoxo. Situado no meio da avenida e indiferente ao clima de rebuliço que se instalou com a intempérie, o Cine Humberto Mauro vai bem, obrigado.<br /><br />O cinema se localiza no Palácio das Artes, que é, provavelmente, o mais importante complexo cultural de Belo Horizonte. Inaugurado em 1971, ele comporta teatros, bibliotecas e galerias de arte, além do próprio Cine. Ou seja, o número 1537 da avenida Afonso Pena, com sua escadaria de concreto idealizada pelo onipresente arquiteto Oscar Niemeyer, é o pesadelo de todos os filisteus, pouco afeitos às artes.<br /><br />O Palácio é mantido pela Fundação Clóvis Salgado, órgão que integra o Sistema Estadual de Cultura de Minas Gerais. Inicialmente chamada de Fundação Palácio das Artes, a mantenedora mudou o nome em 1978, com a morte do proeminente político Clóvis Salgado. Ele foi um dos maiores incentivadores das iniciativas artísticas no estado e também o principal angariador de recursos financeiros destinados à existência e pleno funcionamento do complexo.<br /><br />O Cine Humberto Mauro também veio ao mundo em 1978 e é o lar por excelência de cinéfilos experimentados. Não só deles, mas de qualquer um que se interesse em mergulhar fundo na sétima arte. Ele se dedica à exibição de produções cinematográficas alternativas, pouco vistas. A mostra atualmente em cartaz é um apanhado do cineasta e quadrinhista chileno Alejandro Jodorowsky (diretor de “Santa Sangre” e “El Topo”), a ser exibida até o 7 de abril. Claudia Dias, designer de moda e Maurício Vaz, programadores, estão no Café do Palácio, aguardando a primeira exibição. “Viemos para ver A Montanha Sagrada”, diz ela.<br /><br />Maurício acrescenta um dado importante: “Sou fã de diretores americanos obscuros, como Nick Zedd, Richard Kern e Bill Zebub. Os trabalhos desses caras dificilmente serão lançados no Brasil e a importação é um absurdo de tão cara. Logo, os downloads vieram muito a calhar”. Essa é uma das idiossincracias dos frequentadores do Humberto Mauro e de outras salas similares, espalhadas pelo país. Os seus adeptos não dependem apenas de locadoras e circuitos convencionais de cinema para satisfazer o seu vício pela arte visual. Muitos deles se empenham mesmo em encontrar fóruns virtuais estrangeiros, onde podem “baixar” direto da internet alguns trabalhos que dificilmente chegariam às suas mãos de outro modo.<br /><br />Maria Chiaretti, gerente de programação do Cine e fã invetereda do diretor francês Jacques Rivette e do cinema italiano setentista, concorda com Maurício: “Muitos dos nossos frequentadores mais assíduos já assistiram ao filme em algum lugar, seja em dvd ou baixaram em seus computadores. Mas a experiência de assistir a um filme de difícil acesso em uma tela grande é imprescindível”. Maria é a décima terceira programadora da história do cinema. Ela conta que o projeto nasceu bem menor do que hoje, sendo tocado por apenas alguns poucos fãs de cinema, que se reuniam em um espaço comum para ver filmes e discuti-los. As primeiras projeções eram em películas (materiais fotográficos utilizados para a projeção) de 16 mm - as atuais são de 35.<br /><br />Dentre os muitos programadores, dois nomes são mais facilmente lembrados por ela em nossa conversa: Mônica Cerqueira e José Zuba Junior. A primeira é uma das mulheres mais importantes do cinema brasileiro. Além de comandar o Humberto Mauro por mais de 10 anos, ela participou da abertura de duas outras expressivas salas de Belo Horizonte, o Savassi Cineclube e o Usina Unibanco (“hoje extinto”, lamenta Mônica). Mônica foi a segunda programadora do Humberto, logo após de Wagner Correia Araújo, um dos mentores do Cine Humberto Mauro.<br /><br />Já Zuba Junior foi o programador mais polêmico. Homossexual assumido, ele foi responsável por trazer para a sala diversos filmes com temáticas mais à parte de sua época no Cine. Ele tornou possível a exibição de diretores europeus clássicos (e gays) como o alemão Rainer Werner Fassbinder e os italianos Luchino Visconti e Pier Paolo Pasolini. Maria esclarece: “Não era só porque os filmes e os diretores eram explicitamente gays, não era tão panfletário assim. Antes de tudo, eram filmes muito, muito bons”.<br /><br />A programadora também confirma a preferência por filmes alternativos ao concatenar as mostras: “procuramos filmes que não são encontrados tão facilmente, de diretores que muitas vezes passam desapercebidos à maioria dos fãs de cinema. Inclusive, uma da nossas mostras se chama ‘Passou Batido’, dedicada aos filmes recentes que não obtiveram bons números nas bilheterias mineiras”.<br /><br />Além da Passou Batido, outras mostras regulares são a INDIE (Mostra de Cinema Mundial), o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte e o FELCO (Festival Latino-Americano da Classe Obrera), esse de temática mais politizada que os demais. Para o segundo semestre, “quando o dinheiro já saiu” , usando as próprias palavras de Maria Chiaretti, estão sendo agendadas visitas importantes. Ela confirma que o jornalista João Moreira Salles e o professor e teórico de cinema Ismail Xavier são nomes quase certos para a realização de palestras no espaço. Já a próxima mostra homenageará o realizador francês Maurice Pialat, autor de, entre outros, “Van Gogh” e “Aos Nossos Amores”.<br /><br />Ao ser questionada sobre o cineasta que empresta o nome ao Cine, Chiaretti é enfática: “ele é um ícone. Inclusive, o primeiro filme a ser exibido aqui foi ‘A Noiva da Cidade, dirigido por Alex Vianny e com roteiro do Humberto. Nada mais justo que homenagear o maior cineasta mineiro”. Natural de Volta Grande, Humberto Mauro tem filmografia vasta, com treze longas-metragens e diversos curtas. Admirador do cinema americano clássico, de gente como D.W. Griffith e King Vidor, ele lançou seu primeiro filme em 1925, chamado Valadião, o Cratera. O mineiro é inspiração declarada de cânones do cinema nacional, como Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha.<br /><br />Humberto Mauro é importante, sem dúvida. Foi homenageado em Cannes (Festival), teve filme com música do próprio Heitor Villa-Lobos, transitou com desenvoltura por longas, curtas, documentários. Um de seus filmes mais marcantes é “Thesouro Perdido”, de 1923, em que um mapa que supostamente indica a localização de um tesouro gera morte e desordem.<br /><br />Mas, por fim, deixo que o próprio Humberto fale de sua sua arte: “Não sou literato. Sou poeta do cinema. E o cinema nada mais é do que cachoeira. Deve ter dinamismo, beleza, continuidade eterna”</div>William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-51423390738941204262010-03-01T20:25:00.001-03:002010-03-01T20:27:13.545-03:00<span style="font-weight: bold;">Enquanto isso...</span><br /><br />Texto meu na <a href="http://www.revistazingu.net/subgeneros_obscuros.php">Zingu!</a>.<br /><br />Cheers.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-89040595985961888302010-01-22T17:01:00.003-02:002010-01-22T17:07:35.412-02:00<span style="font-weight: bold;">O melhor disco anônimo de 2009</span><br /><br />Ah, o Southern Rock. Por trás de bandeiras e flâmulas exibindo o orgulho truculento de ser um confederado, estão um bom número de homens sensíveis, que gostam de agregar ao seu rock puramente macho elementos incontestáveis do blues e do country, combinados às letras objetivas que tentam exprimir os anseios e visões de homens simples. Letras que, mesmo dotadas de sensibilidade, deixam bem clara a testosterona em demasia que um homem tipicamente sulista carrega. Como diria o Lynyrd Skynyrd em “Mississipi Kid”, “I was born in Mississipi and I don’t take any stuff from you”.<br /><br />O Heartless Bastards não tem nenhum troncudo assumindo os vocais e também não é uma banda sulista. O microfone fica a cargo de uma garota, Erika Wennerstrom e a banda é de Ohio, estado localizado bem acima de toda a turma que defendia a escravatura.<br />Eles são constantemente comparados ao já estabelecido duo de blues-rock Black Keys, e o fato de que a banda só conseguiu um contrato com a ajuda de Patrick Carney (baterista do Black Keys) também ajuda nas referências ao grupo. O fato de a nome da banda (já agressivo por si só) ter sido achado por Erika em uma trívia de boteco também ajuda na aura de “banda de bar” que permeia The Mountain, novo disco da banda de Cincinatti.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S1n3E8IPD1I/AAAAAAAAAHA/78R4qIlA7ZI/s1600-h/mountain+cover.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 319px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S1n3E8IPD1I/AAAAAAAAAHA/78R4qIlA7ZI/s320/mountain+cover.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5429642490004049746" border="0" /></a><br /><br />O Heartless Bastards chegou a apresentar uma de suas canções (“Out At Sea”) no programa de David Letterman, no começo de 2009. Ainda sim, The Mountain não emplacou em nenhuma lista dos grandes periódicos especializados do mundo. Pode ser um sinal de que o mundo não tem mais paciência com as bandas garageiras. Sou esperançoso e prefiro acreditar em pura e simples lerdeza, mesmo.<br /><br />Produzido por Mike McCarthy, que costuma trabalhar com os indie rockers do Spoon, The Mountain veio ao mundo em 3 de fevereiro do ano passado. É o primeiro disco sem Mike Lamping no baixo e Kevin Vaughn na bateria, que tocaram no (também) ótimo debut Stairs and Elevators, que já havia sido tremendamente elogiado pela Rolling Stone matriz. A talentosa Wennerstrom conta com um timbre de voz um tanto andrógino. Não o andrógino Brian Molko, um andrógino mais Babe Ruth, digamos. Um timbre absolutamente irresistível e McCarthy parece ter sacado isso. É só ouvir “Wide Awake” e perceber como a voz da moça se sobrepõe com facilidade ao instrumental, também refinadíssimo.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S1n3UlYZ5pI/AAAAAAAAAHI/PoZ6CTJv4-Y/s1600-h/HeartlessBast_09Apr06_02.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S1n3UlYZ5pI/AAAAAAAAAHI/PoZ6CTJv4-Y/s320/HeartlessBast_09Apr06_02.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5429642758775760530" border="0" /></a><br />A primeira música, a faixa-título, pode também levar a (hiperbólica, talvez) alcunha de melhor música anônima de 2009. O tom triste mas pungente de Erika versa sobre o quão alto o seu desejo pode ir. Até o cume de montanha, talvez? E o quão baixo ele pode despencar? Tudo isso acompanhado por uma excepcional arranjo sobreposto de guitarras, desembocando em um final instrumental estupendo. A canção seguinte, “Could Be So Happy”, segue a mesma linha melancólica de lirismo, acompanhada apenas por violões desta vez. O rock garageiro dos primeiros discos reaparece com virulência na terceira música, “Early In The Morning”, em pouco mais de dois minutos de objetividade.<br /><br />O disco continua em nas faixas seguintes em sua jornada de desperança lírica e arranjos primais de rock. Sem frescura, sem teclados, sem solos. Algo como Neil Young, só que com mais Jack Daniels. “Out And Sea”, a já citada canção de trabalho que a banda executou no Late Show, termina com o verso “oh, the current is pulling me out”, demonstrando que ela não é lá uma mulher muito otimista, pelo menos como escriba. Mas tudo bem. O mestre Paulinho da Viola também não é.<br /><br />A única “idiossincrassia” de The Mountain é o bandolim e o violino que aparecem em Had To Go, a mais longa e experimental do álbum, beirando os 8 minutos. Trata-se de uma balada de amarga despedida e, como acontece na faixa-título, o final da música não conta com vocais. Nem precisa. O Heartless Bastards botou na praça algo muito, muito sério. Espero que eu não tenha sido o único a notar.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-10025094761985360582010-01-20T00:20:00.004-02:002010-01-21T20:36:42.138-02:00<span style="font-weight: bold;">Sobre Elvis e o dia 8</span><br /><br />Dentre os muitos personagens criados pelo sempre pertinente cineasta americano Jim Jarmusch, o casal de Mystery Train, de 1989, é das mais brilhantes de suas criações. Se trata de um casal de japoneses aficionados pelo rockabilly, vertente do Rock ‘n’ Roll que dominou os anos 50. O rapaz fala muito pouco e quando se dá ao trabalho, credita ao cantor e compositor Carl Perkins os louros maiores do rockabilly.<br /><p>No entanto, ambos estão em Memphis (um dos berços esplêndidos do Rock), em busca de algum tipo de conexão com outro nativo do sul norte-americano, bem mais proeminente. Afinal, um dos sinônimos de Memphis é Elvis Presley e o jovem casal acaba se tornando mais um acréscimo na extensa multidão, ficcional ou não, que acorda em todo dia 8 de janeiro com recordações vívidas acerca de um certo Rei.</p><p>Pode-se dizer que Elvis já nasceu munido de mais obrigações do que a maioria dos seres, pois seu irmão univitelino Jesse nasceu morto, transferindo todas as expectativas para o recém-vindo ao mundo. Um furacão que destruiu a sua cidade natal, East Tuppelo, no ano seguinte (1936), também não é algo aconselhável a acontecer frequentemente na vida de seres ainda imberbes. Para completar a cadeia de desgraça, seu pai, Vernon, foi preso no ano posterior e a família foi despejada. Os ventos de mudança vieram em 1948, quando a família se muda para Memphis, que se tornaria a sede dos primeiros palcos que o jovem Elvis Aaron iria dominar. Suas primeiras canções gravadas surgiram em 1953.</p> <p><img rel="lightbox" src="http://mtv.uol.com.br/sites/all/files/u10103586/Elvis-elvis-presley.jpg" alt="Elvis de cima do trono" title="Elvis de cima do trono" width="455" border="0" height="300" /></p> <p>Um momento de diversão inocente no estúdio, em 5 de julho de 1954, é considerado por alguns - como produtor musical Sam Phillips, o responsável por lapidar as músicas de Elvis no dia em questão – como o marco inicial do Rock. O cantor havia se empolgado com a composição “That’s All Right Mama”, composta pra ele (e que se tornaria, em breve, um de seus singles) e a cantava de modo improvisado, acelerando o andamento. O episódio é mais um dos candidatos à ponto de partida do Rock ‘n’ Roll, junto com “Rock Around the Clock”, single de Bill Halley & His Comets e as primeiras canções de Fats Domino.</p> <p>A primeira entrevista viria em breve, junto com os primeiros singles, a maior parte lançada em 1955. Um deles, por um acaso, se chama “Mystery Train” e obeteve boa colocação nos charts da Billboard. O ano de 1956 acabou por transformar o jovem em sensação mundial, um dos primeiros popstars de todos os tempos. O compositor erudito húngaro Franz Lizst é considerado por muitos biógrafos como a primeira estrela pop da história da música, pelo seu visual esbelto (que lhe angariou uma pá de fãs) e o estilo virtuoso, admirado e invejado por todo mundo que o conhecia. Mesmo com todos esses atributos, ele foi batido em relevância e influência pelo rapaz, anteriormente azarado, de East Tuppelo, Mississipi.</p> <p>Com as tietes, surgiram também um monte de seguidores e detratores, que brotavam em todos os grotões que o cantor pisava. As tietes queriam suas roupas e uns fios do cabelo irretocavelmente cuidado. Os negros queriam sua carne, visto que não entendiam como um branquelo metido a besta podia se meter a cantar um estilo que derivava do rhythm & blues, predominantemente negro. E os reacionários queriam sua língua fora de seu corpo, pois o cantor representava toda a sensualidade incontrolável e perigosa que levava suas filhas (e esposas) ao delírio.</p> <p>Seu campo de influência multiplicou-se. Algumas de suas apresentações televisivas eram censuradas, devido ao rebolado lascivo, característica de Elvis. Às vezes, as câmeras o focavam apenas da cintura pra cima. Antes de se apresentar ao serviço obrigatório no Exército americano, em 1958, ele ainda realizou quatro filmes, de qualidade francamente questionável. Mas de sucesso cataclísmico, é claro. Seu primeiro disco havia sido lançado dois anos antes do Exército, contendo um cover de Blue Suede Shoes, de Carl Perkins, que acabou ofuscando a própria versão original. O curioso é que o disco teve as cores e o formato das fontes da capa copiadas pelo Clash em seu London Calling, outro grande disco que completou 30 anos no dia 6.</p> <p>Após a saída do exército, Elvis já não tinha mãe. Isso, combinado à pressão dos managers, facilitou o retorno imediato aos estúdios. Não à toa, seu primeiro disco pós-experiência militar tem o óbvio nome de Elvis is Back! (1960), gravado e vendido às pressas. Elvis se casou pouco depois e a maior parte dessa década foi usada pelo astro para gravar diversos filmes. Porém, seus discos de 1967 e 1969, o gospel How Great Thou Art e From Elvis To Memphis, respectivamente, permanecem como highlights em sua prolífica jornada musical, mesmo que não sejam tão cultuados pelo mundo quanto os singles do início.</p><p><br /></p><p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S1jWuOLpi2I/AAAAAAAAAG4/wZx_XjpGits/s1600-h/0152_elvis_memphis.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S1jWuOLpi2I/AAAAAAAAAG4/wZx_XjpGits/s320/0152_elvis_memphis.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5429325440364415842" border="0" /></a></p> <p><br /></p><p>A década de 1970 trouxe mais algumas muitas turnês milionárias e mais um tanto de sacolas de dinheiro, como sempre. No entanto, o cantor começou a experimentar um gradativo ganho de peso, que viria a ocasionar múltiplos problemas de saúde, que piorou com o vício em medicamentos. O divórcio veio em 1972, trazendo ainda mais pesar ao já desgatado espírito de Elvis. Suas fotos célebres trajando camisetas extravagantes, costeletas robustas e alguns milhares de quilos a mais datam dessa época. Sua morte veio a se concretizar cinco anos depois, decorrente dos problemas de saúde, de um suposto coquetel de drogas e, bem, da vida típica de rockstar, que costuma matar alguns deles. </p> <p>Elvis Aaron Presley era uma figura idiossincrática. Não só por seus famosos rebolado e visuais, praticamente inaugurados por ele. Dizia-se que ele enjoou de sua esposa, após a mesma ter dado à luz. Mulheres que já haviam gerado vida se tornavam entediantes para ele. Como a sua música nada tem a ver com isso, continua por aí, se disseminando entre ipods, cds piratas e alguns vinis encarquilhados. Nada disso importa. Goste-se ou não, Elvis é imortal. Sabe como eu sei disso? Porque 8 de janeiro também é aniversário de outro ícone, David Bowie. Só que mais ninguém se lembrou disso, né?</p>William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-89671792549346439322010-01-11T17:55:00.003-02:002010-01-11T18:00:50.966-02:00<span style="font-weight: bold;">A.C ( Antes de Cristo)</span><br /><br />Mel Gibson se tornou um católico muito cedo. O seu nome, inclusive, provém de um santo irlandês. Não é diminutivo para “Melanie” nem nada. O seu segundo nome, Com-Cille, também tem origens na cristandade. Antes mesmo de adentrar os primeiros sets de filmagem de sua vida, Gibson já era, pois, um cristão no sentido exato do termo. O auge de sua devoção ocorreu durante as filmagens e o lançamento de A Paixão de Cristo, película que retrata as provações, físicas e psicológicas, que foram experimentadas por aquele que é o maior símbolo da fé católica, Jesus Cristo, o mais célebre dos proscritos da Terra. O filme não economiza em pancadaria e humilhação e certamente serviu para comover os já convertidos e amolecer o coração de alguns céticos mais impressionáveis.<br /><br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0uDFfkdhyI/AAAAAAAAAGY/FyYupRa8Ubk/s1600-h/mel-gibson-mug-shot1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 256px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0uDFfkdhyI/AAAAAAAAAGY/FyYupRa8Ubk/s320/mel-gibson-mug-shot1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425574306494908194" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Busted!</span><br /></div><br />No entanto, ao invés de seguir carreira em uma das muitas probabilidades profissionais oferecidas pelo cristianismo, Mel se tornou um ator. Ator de filmes muito pouco pautados pela fé e moralismo concernentes aos valores morais adotados pela sua religião. Seu primeiro filme é Summer City, de 1977, filme australiano que envolvia surfe e pancadaria em igual proporção. Inicialmente uma produção paupérrima, o filme naturalmente ganhou alguma projeção com o tempo, com a ascensão inegável de Gibson. Summer City se tornou o ponto de partida, a primeira ponta do astro que despontaria.<br /><br />Em seguida, veio Tim, de 1979. Mas foi com Mad Max, do mesmo ano, que o ator ganhou o entusiasmo e a admiração de gente envolvida com o cinema há mais tempo. Poucos anos mais tarde, foi considerado uma mistura de “Clark Gable com Humphrey Bogart” e “uma versão mais jovem de Steve McQueen”, pelo crítico Vincent Canby, do New York Times, periódico que dispensa qualquer tipo de apresentação. O jovem Gibson, então com 23 anos e um firme olhar compenetrado, concedia a veracidade necessária para o papel em Mad Max, o de um “interceptador”, uma espécie de degrau superior na hierarquia policial. Como podemos conferir logo no início do filme, o “interceptador” era o cara que entrava em ação quando os policiais comuns já haviam sido batidos pela perícia criminosa.<br /><br />Mad Max é situado em um “futuro não muito distante”, segundo a introdução doo próprio filme. A Austrália se tornou um enorme deserto, repleto de perigos e cobras pra todo lado. A primeira parte apresenta o Night Rider, um bandidão casca-grossa e exímio motorista, sendo perseguido por dois policiais bem mais ineptos que ele. A câmera exibe vários closes de partes do corpo de Max (personagem de Gibson), criando logo no início uma aura de vingador infalível em torno do (anti) herói. Após a malfadada tentativa de captura dos dois primeiros policiais, o interceptador entra em cena, e Mel Gibson toma pra si o cargo de protagonista com relativa facilidade e confiança pouco vistas em um iniciante.<br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0uCvxvMl2I/AAAAAAAAAGQ/GteuZ1WWN7A/s1600-h/mel_gibson_mad_max_002.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 255px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0uCvxvMl2I/AAAAAAAAAGQ/GteuZ1WWN7A/s320/mel_gibson_mad_max_002.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425573933414651746" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Tremei-vos</span><br /></div><br />A gangue rival rapidamente se descortina como um bando de jovens perdidos e de espírito parvo, exibindo ridículos gestos teatrais e cortes de cabelo anti-convencionais. Mais acontecimentos desagradáveis tomam forma e Max se vê metamorfoseado no Mad (louco) do título. Mel Gibson atua com a postura de um Marlon Brando mais jovem, de ar blasé e objetivo. Trata-se apenas de um homem com uma tarefa a cumprir e que não pretende se perder em firulas para concretizar o intento. Destaque para o Toecutter, o líder da gangue, um tipo tão pomposo quanto letal (interpretado por Hugh Keayes-Byrne) e para a trilha sonora composta pelo famoso guitarrista do Queen, Brian May.<br /><br />Gibson inicialmente tinha ido à audição do filme apenas acompanhando o seu amigo Steve Bisley, que queria um personagem na produção. Como Mel tinha se envolvido em uma tremenda briga em um bar na noite anterior, seu aspecto ameaçador agradou ao agente de elenco, que disse a ele que o filme “precisava de freaks (aberrações)” e que o ator voltasse depois de suas semanas. Quando ele retornou, suas feridas naturalmente já haviam sumido, mas agora já era tarde pra outra escolha. O papel já era de Gibson.<br /><br />O Ford Falcon 1974 utilizado pelo “interceptador” Max se tornou um objeto de culto entre cinéfilos e fãs de automobilismo, um fenômeno comparável ao frisson causado pelo Dodge Challenger de outro road movie, Vanishing Point. E o filme conseguiu ser banido na Nova Zelândia e na Suécia, por seu conteúdo “inflamável”, digamos assim.<br /><br />Posteriormente, além do já mencionado A Paixão de Cristo, Mel Gibson realizou Apocalypto, um projeto grandiloquente, que envolvia atores amadores e o maia como idioma principal. Mas muita gente prefere lembrar do sujeitovestido de couro, com roupas esfarrapadas e o espírito amargo de vingança estampado na testa. Eu sou um deles.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-85898482609829675202010-01-07T18:29:00.021-02:002010-01-11T17:54:54.430-02:00<span style="font-weight: bold;">Meus filmes preferidos da década que acabou</span><br /><br />Ok, polêmicas bobocas à parte sobre quando começa ou termina a presente década, tão aí meus filmes prediletos dos dez anos compreendidos entre 2000-2009:<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">20. Public Enemies (Inimigos Públicos, 2009) – Michael Mann</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZCvKawFYI/AAAAAAAAADw/W9UJGNQIXeY/s1600-h/public_enemies_poster.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 216px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZCvKawFYI/AAAAAAAAADw/W9UJGNQIXeY/s320/public_enemies_poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424096179232183682" border="0" /></a><br /><br />Não há como negar: John Dillinger é bandidão e torpe, mas é uma figura interessante pra caralho. Tommy guns são meus sonho de consumo. Johnny Depp, com a costumeira competência, encarna o gângster na queda, na ascensão e novamente na queda. Claro que não posso deixar de mencionar o nome de Michael Mann, um dos maiores e melhores diretores americanos vivos. Tanto nas cenas de tiroteio contínuo quanto nos olhares (bondosos ou não), Mann está lá, triunfante.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">19. Sud Pralad (Mal dos Trópicos, 2004) – Apichatpong Weerasethakul</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZDGcL2sCI/AAAAAAAAAD4/M17PzFwGXDU/s1600-h/tropical_malady.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZDGcL2sCI/AAAAAAAAAD4/M17PzFwGXDU/s320/tropical_malady.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424096579138531362" border="0" /></a><br /><br />A primeira parte é razoavelmente linear. Tem até menções ao Clash! A segunda é tremendamente doida, transformando o Apichatkdsjhdskfduyfdgdgd no maior expoente do atual cinema asiático “contemplativo”, digamos assim. Welcome to the jungle, baby.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">18. Edifício Master (2002) – Eduardo Coutinho</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZDuSY2GUI/AAAAAAAAAEA/bgQgaWg7XFk/s1600-h/edificio-master_poster.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 278px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZDuSY2GUI/AAAAAAAAAEA/bgQgaWg7XFk/s320/edificio-master_poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424097263703431490" border="0" /></a><br /><br />Só a parte que enfoca aquela mocinha antisocial já valeria o filme todo. Ainda sim, temos uma pá de personagens tremendamente interessantes (e reais, pelo menos na frente das câmeras), de todos as classes e profissões (todas MESMO, risos). Vi na aula de sociologia. Quem disse que faculdade é ruim?<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">17. Kairo (<span style="font-style: italic;">Pulse</span> em inglês, 2001) – Kiyoshi Kurosawa</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZER89TNVI/AAAAAAAAAEI/UHFgEqDBej8/s1600-h/kairo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 216px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZER89TNVI/AAAAAAAAAEI/UHFgEqDBej8/s320/kairo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424097876426044754" border="0" /></a><br /><br />Fácil, fácil, o filme mais assustador dessa década. Um filme ancorado em sombras, sombras que existem unicamente para o mal. Kurosawa Jr. deve ser um tremendo fã do Expressionismo Alemão.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">16. Bakjwi (<span style="font-style: italic;">Thirst</span> em inglês, 2009) – Chan-Wook Park</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZEvgCQMHI/AAAAAAAAAEQ/sg-S7ayhnmU/s1600-h/Thirst-us-poster.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 216px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZEvgCQMHI/AAAAAAAAAEQ/sg-S7ayhnmU/s320/Thirst-us-poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424098384058265714" border="0" /></a><br /><br />Ok, a moda agora é filme de vampirinho, né? Tá bom. Mas e quando o vampiro é um... padre? Chan-Wook consegue a proeza de bater o seu (também excelente) OldBoy.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">15. Falsa Loura (2008) – Carlos Reichenbach</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZM99FAs8I/AAAAAAAAAEY/owtWQ5n50IU/s1600-h/falsa-loura-poster01.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 221px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZM99FAs8I/AAAAAAAAAEY/owtWQ5n50IU/s320/falsa-loura-poster01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424107428465652674" border="0" /></a><br /><br />Tem Kauã Reymond, Leo Aquila, Maurício Mattar... Who cares? Kauã interpreta Kauã, Leo interpreta Leo e Mattar interpreta Mattar. No meio disso tudo, ainda tem uma operária (gostosa, oi) dando duro na vida, às vezes se fodendo, às vezes pagando de diva. Tremendo final, by the way.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">14. Flag Of Our Fathers (A Conquista da Honra, 2006) – Clint Eastwood</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZNe4d6HGI/AAAAAAAAAEg/dTQskkOmFfk/s1600-h/flags_of_our_fathers.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 233px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZNe4d6HGI/AAAAAAAAAEg/dTQskkOmFfk/s320/flags_of_our_fathers.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424107994163584098" /></a><br /><br />Clintão sabe fazer tudo, já notaram? De pistoleiro blasé ao diretor passional das recentes décadas, ele sabe tudo e quando quer. Provavelmente a figura cinematográfica mais cool (argh) ainda viva.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">13. Superbad (2007) – Greg Mottola</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZOBvMSpVI/AAAAAAAAAEo/PFg_wJLtFzQ/s1600-h/Superbad.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 215px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZOBvMSpVI/AAAAAAAAAEo/PFg_wJLtFzQ/s320/Superbad.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424108592969196882" /></a><br /><br />O que dizer sobre esse, que todo mundo já viu? Michael Cera e Johan Hill incorporam com perfeição (e nem parece que Jonah, de fato, tem alguns anos a mais que a idade demandada pra quem tá terminando o colegial) os nerds que finalmente são convidados para uma festa de gostosas, junto com o não-tão-amigo-assim Fogell, o famigerado McLovin. Diálogos sensacionais e referências a diretores e passagens clássicas do cinema.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">12. Laitakaupungin Valot (Luzes no Crepúsculo, 2006) – Aki Kaurismäki</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZOb7MC8RI/AAAAAAAAAEw/H0YJdIb9Y1s/s1600-h/Svetla_v_sumraku.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 228px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZOb7MC8RI/AAAAAAAAAEw/H0YJdIb9Y1s/s320/Svetla_v_sumraku.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424109042865991954" /></a><br /><br />Kaurismäki é <span style="font-style:italic;">enfant terrible</span> da Finlândia. Na maioria de seus filmes, a galera quer se mandar de lá imediatamente. Nesse, um loser solitário (e aparentemente conformado) se vê envolvido em diversas confusões e trambiques com uma mulher de reputação duvidosa e um comerciante nebuloso. Fortemente indicado pra quem curte Jim Jarmusch.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">11. La Pianiste (A Professora de Piano, 2001) – Michael Haneke</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZO0Tp1IyI/AAAAAAAAAE4/_hZKuiqAIuY/s1600-h/lapianiste.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZO0Tp1IyI/AAAAAAAAAE4/_hZKuiqAIuY/s320/lapianiste.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424109461750227746" /></a><br /><br />Haneke é patologicamente doido, com absoluta certeza. Isso posto, e com a ajuda da sempre necessária Isabelle Huppert, as coisas sempre ficam mais fáceis. Ela interpreta uma professora de piano (duh) que tem a vida ligeiramente modificada com a chegada de um novo aluno. Quando eu falo em “coisas fáceis”, me refiro somente a Haneke e a Huppert, porque o filme passa longe de ser tranquilo e termina com mais um dos finais muito doidos que Haneke usualmente concebe.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">10. Gosford Park (Assassinato em Gosford Park, 2001) – Robert Altman</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZPXWOwleI/AAAAAAAAAFA/DubigUzS5hU/s1600-h/gosford_park_ver11.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 205px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZPXWOwleI/AAAAAAAAAFA/DubigUzS5hU/s320/gosford_park_ver11.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424110063737411042" /></a><br /><br />Um dos réquiens de primeira do velho, chutando toda a merda que ele conseguiu empilhar com Dr. T e as Suas Mulheres. É sério, galera, parem de fazer filme com o Richard Gere.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">9. Fong Juk (Exilados, 2006) – Johnnie To</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZPvu2MTmI/AAAAAAAAAFI/w45hfAu33vI/s1600-h/EXILEDPoster.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 216px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZPvu2MTmI/AAAAAAAAAFI/w45hfAu33vI/s320/EXILEDPoster.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424110482662116962" /></a><br /><br />Bom, me interesso bastante por redes criminosas. Johnnie To também, com suas inúmeras referências à máfia chinesa, conhecida como Tríade. Irretocável filme policial, Fong Juk discorre sobre mafiosos, suas tretas, suas aspirações e suas amizades. Se é que dá pra fazer amiguinhos na máfia, né?<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">8. Shi Gan (O Amor Contra A Passagem do Tempo, 2006) – Kim Ki-Duk</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZQGaprS7I/AAAAAAAAAFQ/kuxB5H_vlNU/s1600-h/time.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 222px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZQGaprS7I/AAAAAAAAAFQ/kuxB5H_vlNU/s320/time.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424110872377904050" /></a><br /><br />Ki-Duk é odiado pela crítica coreana, sabe-se lá porque. Talvez porque ele disse que o cinema do país estava se americanizando demais e zombou do megasucesso do ótimo The Host (O Hospedeiro)... Como nada disso importa, a falsa frieza de Time é mais uma joia da narrativa não linear. Contém uma pá de cenas de cirurgia, não recomendáveis para fracotes.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;"><br />7. A History Of Violence (Marcas da Violência, 2005) – David Cronenberg</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZQqpX0ggI/AAAAAAAAAFY/BfX3VDROYIU/s1600-h/history_of_violence_ver2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZQqpX0ggI/AAAAAAAAAFY/BfX3VDROYIU/s320/history_of_violence_ver2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424111494804832770" /></a><br /><br />Viggo Mortensen renasceu para o cinema após os zilhões de dinheiros que ele faturou encarnando o destemido Aragorn. Aqui ele não é tão passional, no papel de um pacato pai de família que se vê obrigado a revelar suas, ahn, habilidades escondidas. Cronenberg resolveu fazer um filme "entendível", pra variar. <br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">6. Salinui Chueok (Memórias de um Assassino, 2003) – Bong Joon-Ho</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZRDhdl7vI/AAAAAAAAAFg/s3MDhNqVlzc/s1600-h/memorias.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 223px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZRDhdl7vI/AAAAAAAAAFg/s3MDhNqVlzc/s320/memorias.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424111922178289394" /></a><br /><br />Eu não sei exatamente como se porta a polícia coreana, mas tanto nesse como no recente The Chaser, os detetives são mostrados como gente extremamente cabeçuda e obstinada, disposta a encher qualquer um de porrada por muito pouco. Principalmente quando um detetive de Seoul, a capital cosmopolita, aparece para embaçar o esquema... No entanto, o filme é tenso e nem tudo recebe uma solução simplista.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">5. Ne Touchez Pas La Hache (Não Toque no Machado, 2007) – Jacques Rivette</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZRoXI_MOI/AAAAAAAAAFo/3iPisM3YquE/s1600-h/00797686-photo-affiche-ne-touchez-pas-la-hache.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 239px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZRoXI_MOI/AAAAAAAAAFo/3iPisM3YquE/s320/00797686-photo-affiche-ne-touchez-pas-la-hache.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424112555062669538" /></a><br /><br />Como os outros franceses, Rivette não se mostra envergonhado em desfilar sua visão única sobre o amor. E o que vem com ele. Os olhares e gestos dessa película, que dizem tudo, são a cereja do bolo desse injustiçado clássico da presente década. Adaptação de outro mestre, Honoré de Balzac.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">4. Coeurs (Medos Privados em Lugares Públicos, 2006) - Alan Resnais</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZSAmgXhZI/AAAAAAAAAFw/w84EFVHw-3Q/s1600-h/coeurs-782581.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 235px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZSAmgXhZI/AAAAAAAAAFw/w84EFVHw-3Q/s320/coeurs-782581.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424112971504125330" /></a><br /><br />Tal como o compatriota Rivette, Alan Resnais está vivo e chutando. Seja na recatada secretária que não é tão recatada assim, na moça desperada por um namorado, o velhote segue desfilando seu conhecimento sobre a alma humana com tanta excelência quanto a mostrada no clássico e seminal <span style="font-style:italic;">Hiroshima Mon Amour</span>.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">3. Inglorious Basterds (Bastardos Inglórios, 2009) – Quentin Tarantino</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZSanA6uNI/AAAAAAAAAF4/EByeONh7Q8Q/s1600-h/inglorious-basterds-1-477x699.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 218px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZSanA6uNI/AAAAAAAAAF4/EByeONh7Q8Q/s320/inglorious-basterds-1-477x699.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424113418317248722" /></a><br /><br />Brad Pitt nasceu em Oklahoma, célebre celeiro redneck. Então, um sotaque <span style="font-style:italic;">hillbilly </span>não é exatamente uma novidade para ele. O primeiro grande filme de Quentin, Cães de Aluguel, se pauta pela excelência dos diálogos. Em Inglorious Basterds, os momentos de silêncio são os mais interessantes. Pra quem quiser tirar a prova, o silêncio do fazendeiro frente ao interrogador nazi “diz” tudo.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">2. The Man Who Wasn’t There (O Homem Que Não Estava Lá, 2001) – Coen Brothers</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZS7h2jt1I/AAAAAAAAAGA/8-qjinXQQ6Y/s1600-h/man+who.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 223px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZS7h2jt1I/AAAAAAAAAGA/8-qjinXQQ6Y/s320/man+who.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424113983867303762" /></a><br /><br />The brothers go noir again. O ex-marido da Angelina nunca rendeu tanto. E claro, um quase boquete da Scarlett Johansson sempre melhora as coisas.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;"><br />1. Before The Devil Knows You’re Dead (Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto, 2007) – Sidney Lumet</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZTU5LtXHI/AAAAAAAAAGI/fIGygfkgHIk/s1600-h/before_the_devil_knows_youre_dead_ver2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 216px; height: 320px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0ZTU5LtXHI/AAAAAAAAAGI/fIGygfkgHIk/s320/before_the_devil_knows_youre_dead_ver2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424114419626761330" /></a><br /><br />Provavelmente o thriller mais denso dessa década. Um colosso que vale como síntese de toda a carreira do mestre Lumet. A gente até esquece que ele fez um filme com o Vin Diesel...<br />E, pelo amor de Deus, MARISA TOMEI, CAIA NA MINHA CAMA!William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-25474806974408375132010-01-05T23:19:00.002-02:002010-01-05T23:25:46.658-02:00<span style="font-weight: bold;">Guns ‘n’ Roses e até onde vai o seu amor</span><br /><br />O grupo californiano de rock P.O.D. (que significa Payable On Death, a quem possa interessar) acaba de garantir mais um combo de apresentações na Pátria Amada. Serão sete shows, cada um em um estado diferente, em março de 2010. A maior peculiaridade da banda é o fato de ela ser cristã. O P.O.D. angariou diversos fãs - além de adeptos fanáticos do cristianismo que fingem curtir tudo relacionado à essa religião, sejamos justos - a mais com o disco <span style="font-style: italic;">Satellite</span>, que continha os hits new metaleiros “Alive” e “Youth Of The Nation”, essa última um guilty pleasure do cidadão que vocês escreve. Os discos subsequentes não se mantiveram nos primeiros postos das diversas Billboard da vida, mas o contingente fiel de fãs se manteve. Será a segunda vinda ao país em menos de 2 anos (a primeira foi em novembro de 2008), o que prova que alguém por aqui realmente os ama.<br /><br />Tamanho amor deve se reproduzir em igual tamanho no mesmo março de 2010. O Guns ‘n’ Roses, do sempre imprevisível (e, às vezes, doido) Axl Rose, também comparecerá ao país, para cinco shows, um número exorbitante para banda de tal porte. Axl é responsável pela proeza de manter o seu carisma intacto entre seus admiradores, mesmo tendo enrolado os seus (muitos) fãs durante 15 anos, data de lançamento do último registro da banda. Que ainda assim era um disco de covers, <span style="font-style: italic;">The Spaghetti Inccident?</span>.<br /><br />Entre as muitas e bizarras justificativas de adiamento do disco inédito, uma delas era a de que Rose estaria interessado em literatura inglesa e sem tempo para compor e gravar um álbum. Os brothers de outrora, Slash, Duff, Izzy Stradlin, Matt Sorum e Steven Adler não se encontram mais na banda, que se tornou uma empresa louca chefiada somente pelo vocalista. Já passaram por ela cerca de 15 integrantes. Anteriormente uma autêntica banda de rock, o Guns se tornou uma mescla de Hard Rock com barulhinhos eletrônicos aleatórios, um sub-Ministry de Los Angeles. <span style="font-style: italic;">Chinese Democracy</span>, o enfim lançado novo álbum, obteve boas resenhas, no entanto. E Axl pode descer o braço em alguns <span style="font-style: italic;">paparazzi</span>, sem muito remorso.<br /><br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0PmQqkL7tI/AAAAAAAAADo/QEgQyWJiMgQ/s1600-h/axl-rose-mtv-awards.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/S0PmQqkL7tI/AAAAAAAAADo/QEgQyWJiMgQ/s320/axl-rose-mtv-awards.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5423431550262570706" border="0" /></a><span style="font-size:85%;">Axl, fantasiado de Mike Muir</span><br /></div><br /><br />Enquanto isso, alguns dos antigos trutas (Slash, Duff e Matt) montaram em 2002 uma banda chamada Velvet Revolver, que lançou dois álbuns, com alguns hits em escala mundial. O conjunto se encontra em hiato desde 2008, com a saída do ultraproblemático, embora talentoso, vocalista Scott Weiland, ex-Stone Temple Pilots. Duff também esteve recentemente no Brasil, com sua banda Loaded, inclusive tocando algumas versões de clássicos do Guns, como “It’s So Easy”, do influente álbum <span style="font-style: italic;">Appetite For Destruction</span>, provando que a sombra do Guns ‘n’ Roses ainda dá conforto aos seus ex-membros.<br /><br />Para quem não lembra, o Guns havia retornado ao Brasil em 2001, com um pitoresco espetáculo na terceira edição do Rock in Rio. Um Axl de voz reduzida comandou um bando de asseclas esquisitos, entre eles Buckethead (guitarrista virtuoso que se notabiliza por usar um balde de uma empresa de frangos fritos, a KFC) e Robin Finck, do Nine Inch Nails, que chocou a plateia presente com uma versão (bem-humorada, ao menos) de “Sossego”, do síndico Tim Maia. Para encerrar a singular apresentação, uma escola de samba recebeu a missão de fechar o negócio, antes do bis. É preciso muito, mas MUITO amor pra ver isso tudo de novo, né?William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-19942763911795130032009-12-28T16:12:00.005-02:002009-12-28T16:20:26.747-02:00<span style="font-weight: bold;">Is This It não é tão importante assim, ok?</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/Szj1SLGtQQI/AAAAAAAAADI/iCXAqY2txIE/s1600-h/medium_is_this_it.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 308px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/Szj1SLGtQQI/AAAAAAAAADI/iCXAqY2txIE/s320/medium_is_this_it.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420351844107763970" border="0" /></a><br /><br /><br />A NME já tratou de jogar na praça mais uma de suas intermináveis listas de melhores de alguma coisa no campo musical. Como não poderia deixar de ser, as últimas listas do semanário priorizam artistas sem nada de novo para acrescentar. <span style="font-style: italic;">Is This It</span>, do Strokes, abocanhou a primeira colocação na eleição dos melhores discos da presente década. O lançamento foi concebido em 2001, período fértil de criação de pelo menos uns 144 discos que na época estavam “salvando” o rock. Passaram pela fila de possíveis salva-guardas do gênero discos do Vines, do Hives, do White Stripes e até mesmo o The Darkness teve vez. No entanto, apenas Is This It ostenta o colete salva-vidas até hoje, sendo que o resto perdeu fôlego histórico.<br /><br />Antes de 2001, os rapazes do Strokes já eram jovens ricos e bem alimentados de Manhattan. Tão ricos que tratavam seus problemas com o alcoolismo em lugares insalubres como a Suíça. Julian, o vocalista, é filho de John Casablancas, notório empresário e milionário nas horas vagas. Após assinarem com a RCA, o produtor Gil Norton (Pixies, Foo Fighters, James) foi indicado para conduzir a sonoridade final do debut dos garotos. No entanto, os moleques ficaram insatisfeitos com os primeiros resultados sob a batuta de Gil, achando que tudo aquilo que gravaram estava limpo demais. A produção passou então para alguém bem menos reconhecido, Gordon Raphael, que deixou o som do modo que os Strokes queriam. Mesmo com a grana polpuda pertencente às famílias dos integrantes, o produto dessa união foi concebido em um estúdio vagabundo de porão, o Transporterraum, localizado em Manhattan. Nascia aí, então, a aura de “Garage Rock Rebirth” de <span style="font-style: italic;">Is This It</span>.<br /><br />O resultado foi um disco bacana, que merece a aura que o cerca em apenas em alguns momentos, como na ótima “Hard To Explain” e na mundialmente difundida “Last Nite”, a típica canção grudenta de rock que salva qualquer festa.<br /><br />Mas, voltando a questão primordial: como você ressuscita algo que nunca morreu?<br /><br />O rock de garagem por excelência foi uma alternativa eficaz adotada por músicos paupérrimos sem grana para alugarem estúdios profissionais, com bons equipamentos e produtores. Na ânsia de tocar assim mesmo, os rapazes se reuniam em garagens, porões e estúdios amadores. Um belo exemplo do popular <span style="font-style: italic;">DIY </span>(do-it-yourself). Os anos dourados da rapazeada da garagem foram os 60s, época de nascimento de grupos seminais como os Sonics, os Seeds e o Music Machine, além daquele que provavelmente é o conjunto mais famoso, Iggy e seus Stooges. O som apresentado pelas bandas era cru e rascante, com bastante apreço pelo soul e as letras versavam sobre o que o rock sempre versou. Bebidas, motos, passeios e gatas.<br /><br /><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/Szj1_NHpP9I/AAAAAAAAADQ/gDXmgBUUOsk/s1600-h/sonics.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/Szj1_NHpP9I/AAAAAAAAADQ/gDXmgBUUOsk/s320/sonics.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420352617742680018" border="0" /></a> <span style="font-size:85%;">The Sonics<br /></span></div><br /><br /><br />Embora não tenham falecido, os grupos garageiros tornaram a ressurgir com força e quantidade apenas nos anos 80, representados em sua primeira frente pelo Fuzztones, Mummies, Thee Mighty Caesars (do sempre prolífico músico Billy Childish) e Chesterfield Kings. Os shows continuavam obscuros, as músicas mostravam pouco mais que um pedal fuzz tocado com galhardia. E quando o Strokes surgiu, não havia nada para resgatar, pois Detroit Cobras, The Dirtbombs, The (International) Noise Conspiracy e o próprio Mummies, além de muitas outras, ainda estavam queimando tudo no underground. Não é que o rock de garagem tenha falecido, a questão é que, dentre todas as citadas, somente o Strokes foi agracidado pelos braços gordos e aconchegantes do mainstream. Popularidade essa dividida no início da década com outros adeptos do rock de porão e iluminação fraca, os suecos do Hives, que já não mantêm a mesma fama de outrora.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/Szj2NLf60SI/AAAAAAAAADY/_FKFM6a0Etw/s1600-h/detroit+cobras.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 213px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/Szj2NLf60SI/AAAAAAAAADY/_FKFM6a0Etw/s320/detroit+cobras.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5420352857825792290" border="0" /></a><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-size:85%;">Detroit Cobras</span><br /></div><br /><br /><br />Zilhões de jovens no mundo todo passaram a usar os mesmos cabelos cuidadosamente sujos e o modo cuidadosamente displicente de se vestir do Strokes. De 2001 para cá, foram vendidos mais pôsteres do Julian Casablancas do que Bíblias. A influência social deles é inegável. Mas, cá entre nós: você realmente gosta tanto de <span style="font-style: italic;">Is This It</span>, assim?William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-83605811843499577462009-11-04T14:29:00.011-02:002009-11-04T17:01:58.738-02:00<span style="font-weight:bold;">TOP 5 PRESUNTOS DA SANTA INQUISIÇÃO</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">5 - Galileu Galilei (1564 - 1642)</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGsH6doxyI/AAAAAAAAABo/skPqrGwj9XI/s1600-h/galileu1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 239px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGsH6doxyI/AAAAAAAAABo/skPqrGwj9XI/s320/galileu1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5400286680146560802" /></a><br /><br />Não foi assassinado pela Igreja Católica de fato, como todos sabem. Negou no tribunal toda a teoria de que os planetas giravam ao redor do sol, e não da Terra. Para contemporizar, os católicos picaretas o absolveram 341 anos depois de sua morte.<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">4 - Antônio José da Silva (1705 - 1739)</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGtjLqMAHI/AAAAAAAAABw/y-F-5jVxXLI/s1600-h/arte-barroca-27.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 229px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGtjLqMAHI/AAAAAAAAABw/y-F-5jVxXLI/s320/arte-barroca-27.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5400288248130699378" /></a><br /><br />Dramaturgo judeu nascido no Rio de Janeiro, se mudou cedo para Portugal. A mudança se revelou uma decisão de merda, já que os judeus eram caçados como vermes por lá. Também não o ajudou o fato de Antônio ser um entusiasta do iluminismo. Foi preso pelos inquisidores em 1737, e sua situação piorou quando uma de suas escravas dedurou o escritor para igreja, denunciando sua circuncisão. Virou uma bola de fogo dois anos depois. Antes, como de praxe, deu uma passadinha no garrote.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">3 - Angéle de la Barthe (1230 – 1275)</span><br /><br />A primeira bruxa (não sei se as aspas cabem aqui) da história medieval. Foi acusada de fornicação com o demônio, o que geraria um super-demônio comedor de carne humana, com cabeça de lobo e rabo de serpente. O currículo de sempre. Fogueira nela.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">2 - Giordano Bruno (1548 - 1600)</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGwEGcCLEI/AAAAAAAAAB4/SDlRiVZ38A4/s1600-h/Giordano_Bruno.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 285px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGwEGcCLEI/AAAAAAAAAB4/SDlRiVZ38A4/s320/Giordano_Bruno.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5400291012688096322" /></a><br /><br />Astrônomo, filósofo, matemático, dentre outras 1001 utilidades. Serviu de influência para gênios como Newton, Espinoza e Leibniz. Defendeu teorias de sistemas solares e cosmologias e também virou churrasco, apesar de ser criacionista. Foi crucificado com pregos na língua e dizem que cuspiu em um crucifixo antes de morrer. Vai saber, né?<br /><br /><span style="font-weight:bold;">1 - Joana d'Arc (1412 - 1431)</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGwkLGekmI/AAAAAAAAACA/3BD0pNyqaiw/s1600-h/Joan%2Bof%2Barc%2Bminiature%2Bgraded.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 212px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SvGwkLGekmI/AAAAAAAAACA/3BD0pNyqaiw/s320/Joan%2Bof%2Barc%2Bminiature%2Bgraded.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5400291563695673954" /></a><br /><br />De existência meteórica, a jovem francesa começou a ter visões de São Miguel logo aos 13. Vozes misteriosas sussurrando em suas orelhas também vieram no pacote. Dentre as exigências, constavam a permanência de sua virgindade (!) e a condução do príncipe herdeiro Carlos (o delfim) ao trono francês, salvando a França dos ingleses. Ambas as intenções foram bem-sucedidas, mas Joana quis fazer gracinha e tentou expulsar de vez todos os ingleses de Paris. Foi capturada e também se tornou um toco de madeira flamejante. A história da jovem rebelde foi o mote para o fantástico filme A Paixão de Joana D'arc, de Carl Th. Dreyer.<br /><br /><br /><br />RIP, folks.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-87059685684045907242009-11-03T20:50:00.002-02:002009-11-03T21:23:52.655-02:00<span style="font-weight:bold;">Dentes de ouro não perdoam</span><br /><br />Meu xará William Jonathan Drayton Jr é uma figura única. Membro da muito valorosa trupe de hip-hop conhecida como Public Enemy, William fez e aconteceu nos anos 80 e 90. O grupo tem na ficha curricular grandiosos trampos, como os álbuns <span style="font-style:italic;">It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back</span>, <span style="font-style:italic;">Fear of a Black Planet</span> e <span style="font-style:italic;">Apocalypse 91... The Enemy Strikes Black</span>, todos devidamente platinados e respeitados pelos amantes do rhythm and poetry e até por alguns uns não tão entusiastas do rap assim. William, comumente conhecido como Flavor Flav, era um dedicado estudante de piano em sua infância. Ele poderia até ter se tornado um grande mestre desse e de outros instrumentos, se ele não tivesse o horrível hábito de roubar os outros. Mais tarde, ele conheceu aquele que seria o principal vocalista do Public, Chuck D, e o resto foi puro ouro. Literalmente.<br /><br />Flavor tratou logo de acrescentar robustos dentes de ouro à sua dentição usual. E claro que, ao se permitir a adição de tal acessório, sua vida não será mais a mesma. Um pacote de emoções vem junto. Para o pesar do rapaz, veio na forma de um aparentemente incontornável vício em múltiplos entorpecentes, que bagunçaram toda a sua vida e paralisaram o Public Enemy na década de 90. Na presente década, ele estrelou diversos (e absolutamente bizarros) reality shows no canal VH1. Já o Public Enemy, que nunca chegou a anunciar um fim de fato, voltou à carga de notícias. O coletivo pediu a ajuda (monetária) dos fãs para gravar um novo álbum. Já conseguiram 50 mil dólares. A meta é conseguir mais 200 mil. E os dentes continuam. Até segunda ordem, pelo menos.<br /><br />Mike Tyson também implantou os tais dentes, mas apenas dois. Segundo ele, era uma homenagem aos seus heróis do boxe das décadas de 10 e 20. Preciso mesmo lembrar o que aconteceu com Mike ao longo do tempo? Johnny Depp também foi agraciado com o insólito presente. Mas foi mais esperto e tratou logo de anunciar o leilão dos mesmos. Caso você se interesse, no ehow (http://www.ehow.com/how_2248488_get-grill-like-flava-flav.html), tem a receita de como dar um update na sua boca.<br /><br />Whitney Houston não chegou ao cúmulo de meter na cara uma dentadura dourada, mas também se viu acometida pela síndrome da dentição valiosa, que parece ter predileção pelos talentosos astros negros. Como no caso de Mike e Flavor, a fama adquirida, combinada a uns muitos elogios e uma predestinação à arte de cair na farra, a neo-diva torrou rapidamente toda a sua grana. Uma parte foi concedida aos seus fornecedores de cocaína, outra a solícitos bartenders, outra aos corretores de mansões. Teve que leiloar uma pá de pertences pessoais para cobrir abundantes dívidas. Uma de suas mansões, em Nova Jérsei, foi colocada à venda pela cantora. R$ 5,6 milhões. Encara?<br /><br />O cantor Nelly também é um fã do aparato, chegou mesmo a lançar um single em homenagem. Até quando a bonança dele dura? Claro que isso não é uma regra. Mas, como Mike e Flav são pioneiros do segmento e sofreram barbaridade, fica aí o aviso amigo.<br />E você, tem um conhecido que aderiu ao estilo? Começou nas inocentes correntes de ouro e agora já pensa em migrar pra arcada dentária? Bom, seja um amigo e trate de dissuadi-lo, porque o troço é sério.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-75374564860121513572009-10-27T23:12:00.006-02:002009-10-27T23:31:26.376-02:00<span style="font-weight:bold;">Fingindo que me importo com o mundo</span><br /><br />Um dos mais dignitários amigos da raça humana, Mahmoud Ahmadinejad, já ameaçou, por mais de uma vez, riscar Israel do mapa (eufemismo para "explodir a porra toda"). Para o primeiro-ministro iraniano, o estado é uma farsa, mesmo que tenha sido instituído em 1948, oito anos antes do nascimento do mesmo Ahmadinejad.<br /><br />O que eu suponho que ele finja não saber é que Ciro II, "O Grande", principal líder (e homicida, como não poderia deixar de ser) do antes gigantesco Império Persa e especialista na execução de avôs, liberou os judeus do domínio babilônico em 539 A.C., conduzindo-os de volta a Jerusalém. Obviamente que Ciro não foi tomado por um súbito intinto paternal. Ele apenas queria ter aliados na Palestina. Essa mencionada Jerusalém é, obviamente, a mesma Jerusalém dos dias de hoje, capital do estado israelense unificado. E o Irã é a atual Pérsia.<br /><br />Então eu, humildemente, pergunto: e aí, os filhos devem sempre herdar as decisões dos pais?William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-25620352639694890552009-10-26T21:06:00.001-02:002009-10-27T00:06:57.720-02:00<span style="font-weight:bold;">John Peel, o pai de todos os gostos</span><br /><br />Qual é profissão mais glamourosa do mundo? E qual é a que bota mais dinheiro (e gatas) na mão do caboclo? Rockstar? Jogador de basquete? De futebol? De rúgbi, o mais novo hype no mundo dos atletas? Administrador de empresas? Hmm, ou talvez você, no cantinho mais recôndito do seu coração, espera (ou esperava) ser o novo Marlon Brando? Você pode ter escolhido todas essas, mas o seu vizinho muito provavelmente queria (ou quer) ser um dj renomado.<br /><br />Grandes djs do mundo atual detêm tanta fama quanto determinados jogadores de futebol. As revistas dedicadas a eles se multiplicam dia após dia. A respeitada DJ Mag ganhou até versão brasileira e as raves comandadas pelo Fatboy Slim arrastam tudo quanto é tipo de gente pra tudo quanto é tipo de canto do mundo. Tiësto é tão conhecido quanto Zidane. Ibiza, a ilha espanhola situada ao leste do país, é um point de férias tão desejado quanto Fernando de Noronha. Grande barato esse negócio de arranhar discos e piscar pra plateia, né? Pois é.<br /><br />O que pouca gente sabe é que você não precisa ser um virtuose das pick ups para ser considerado um dj. As origens da palavra remontam ao locutor que selecionava gravações e as transmitia ao público, através da simples radiofusão. O primeiro djstar da historia é Martin Block, que nos anos 30 (antes mesmo da invenção do Rock n’ Roll) se aproveitava de intervalos na programação jornalística de sua rádio nova-iorquina (a WNEW) e soltava diversas gravações entre os boletins. Ou seja, você não precisa ser um fritador de teclas para se tornar um disc-joquei. Afirmar isso é tipo dizer que todo guitarrista precisa ser o Steve Vai.<br /><br />O mais valioso desses djs primitivos é John Peel, inglês, torcedor do Liverpool FC e freak desde a adolescência. Sua morte completou 5 anos em 25 de outubro. Era um fanático pelo futebol (aquele com bola, não aquele que os outros se derrubam com capacetes), esporte considerado muito suburbano para a escola almofadinha onde ele estudava. Ele foi requisitado pelo exército nacional aos 18 anos e ficou lá por 2. Quando voltou, caiu fora de Liverpool e se mandou pra tal da terra das oportunidades, em 1960. O Rock já havia nascido e causava apoplexia entre pais preocupados e filhos eufóricos. John aportou em Texas e tratou logo de arrumar um emprego no rádio.<br /><br />A beatlemania engolia a tudo e a todos em 1963 e todo mundo nos Estados Unidos e no resto do mundo queria ser inglês – mais ou menos como nos dias de hoje. Peel, além de inglês, era de Liverpool, o que facilitou consideravelmente as suas pretensões como profissional de radiofusão. Naquela época ele ainda era John Ravenscroft. Considerando o nome longo demais para qualquer americano médio se lembrar, em 1967 ele adotou o tal “Peel”, sugerido por um funcionário de outra rádio.<br /><br /><br /><br />Antes, 1965, com 26 anos, ele se casou com Shirley Anne Milburn, que tinha apenas 15. O matrimônio se revelou um cataclísmico erro para ambos e John pouco falou sobre a relação publicamente. O divórcio veio em 1973 e mais tarde ela cometeu suicídio. Mais tarde ele também admitiu ter sido vítima de abuso sexual, quando ainda freqüentava a escola. <br /><br />Mas voltemos a 1967. Esse é, provavelmente, o melhor ano da história do Rock. Os Stones lançaram Their Satanic Majesties Request, bem aquém de suas possibilidades, mas Jimi Hendrix apresentou ao mundo Jimi Hendrix Experience, enquanto os Beatles retrucavam com Sgt Pepper’s e o Velvet Underground e Captain Beefheart humildemente divulgavam seus debuts, só pra citar alguns.<br /><br /> A porra-louquice inerente a Peel chegou ao auge no mesmo ano, quando ele e um dos seus amigos se passaram por repórteres do periódico Liverpool Echo e cobriram o assassinato de John F. Kennedy. Se apresentavam como funcionários do jornal e chegaram mesmo a participar da última conferência de Lee Harvey Oswald antes da execução do mesmo. Seus progressos como radialista também se tornaram claros em 67, quando ele assumiu o programa The Perfumed Garden (nome inspirado no livro), transmitido por uma rádio de Londres, chamada simplesmente Radio London. Nesse insano programa, Peel se recusava a lançar mão de hits fáceis, preferindo investir no underground musical (seria ele o progenitor desconhecido dos indies de hoje?) e tocar discos inteiros, atitude considerada bizarra até hoje. Alguns artistas que figuravam eram o (já citado) Captain Beefheart e os ingleses do T-Rex. A Radio London fechou pouco depois, mas o estrago estava feito. Finalmente ele adentrava os (bem mais equipados) estúdios da BBC, onde trabalhou até a morte.<br /><br />No Top Gear, o novo programa, ele adquiriu o hábito de trazer alguns artistas que concediam performances ao vivo, sessões essas cuidadosamente preservadas para a posteridade. As bandas convidadas variavam em estilo musical, cor de pele dos integrantes e status de popularidade. Ou seja, em tudo. Teve espaço pra (quase) todo mundo, desde gente do mainstream, como AC/DC, até pra duos obscuros como o eletrônico Autechre, passando pelo grindcore vulcânico de um Carcass. Mesmo cercado por todo esse oceano infindável de notas e canções, Peel só viria a descobrir a sua música favorita apenas em 1978. Era Teenage Kicks, dos irlandeses do grupo punk Undertones. Ele não era um fã do rock progressivo dominante na primeira metade da década, e o surgimento do punk rock foi recebido de braços e mente aberta pelo dj. Teenage Kicks era uma das faixas que o levavam inevitavelmente as lágrimas, segundo o próprio. E mais tarde ela figurou orgulhosa na trilha sonora do funeral de John Ravenscroft.<br /><br />John Peel também não se entrincheirava entre gêneros convencionais. Seu gosto era essencialmente intuitivo, prevendo sucessos e desfilando gêneros pouquíssimos usuais da música mundial. Entre os artistas que ele apresentou ao seu público, constam, além do mencionado T-Rex, gente bacana como U2, Nirvana, Velvet Underground, Roxy Music, Rod Stewart, Pink Floyd, e Sex Pistols . Ele gravou uma de suas Peel Sessions com o Pulp, treze anos antes de Jarvis Cocker alcançar a fama no Reino Unido. <br /><br />Sua seleção eclética municiou os ouvintes com doses precisas de reggae, hip-hop, techno, drum ‘n’ bass, synthpop, death metal e punk, de 1967 a 2004.<br /><br />Como cidadão naturalmente curioso, Peel um dia descobriu que a América do Sul podia ser mais que café, drogas e algumas mulatinhas bem ajeitadas. Ele então se aproveitou de suas férias e foi visitar Cuzco, no Peru, onde morreu. Ele estava acompanhado de sua esposa Sheila e sucumbiu após um ataque cardíaco fulminante. Dentre os artistas que lamentaram sua morte, Bernard Sumner foi o mais contundente: “Nem o Joy Division e nem o New Order existiriam se não fosse por John Peel”, cravou ele. Damon Albarn, do Blur: “A memória de John nunca será esquecida, porque ele tinha o espírito da música em si”.<br /><br />Até mesmo o ex primeiro-ministro britânico Tony Blair se pronunciou, lamentando a morte de “um importante radialista que descobria raros talentos”. E claro que não podia faltar um pronunciamento de Feargal Sharkey, o frontman da banda que compôs a música mais marcante da vida do radialista. Em poucas e precisas palavras, o vocalista descreveu John como “o mais importante radialista que já conhecemos”. Sharkey afirma que tudo se tornou melhor em sua vida quando o dj reproduziu a canção em 1978, no Top Gear.<br /><br />Dotado da humildade que às vezes aflora em gente realmente relevante, John não se vangloriava de nada. Segundo ele, as bandas é que faziam tudo. Ele apenas era o cara que tocava os discos.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-63050231451803419252009-10-21T04:53:00.001-02:002009-10-23T00:53:14.979-02:00<span style="font-weight:bold;">Jack White, embaixador cultural</span><br /><br />Jack White não gosta do Guitar Hero, nem do Rock Band.<br /><br />Em evento recente que também contava com a presença do guitarrista do colosso Led Zeppelin, Jimmy Page, o white stripe declarou ao New Musical Express que "é deprimente que uma marca venha e diga para você que (o "Guitar Hero") é como as crianças estão aprendendo sobre música e experimentando música". É uma pena, mas o fato de Jack minimizar uma forma de diversão tão honesta – e de achar que é um troço só pra crianças - ainda não elimina os outros fatores que o tornam um cara tão legal.<br /><br />Nascido John Anthony Gills, além do famoso White Stripes, o rapaz atualmente empresta sua perícia ao Dead Weather e ao Raconteurs, bandas também formadas por ele. Ambos os projetos mantêm o burburinho que despertaram quando foram criados, o primeiro em 2005, o segundo em 2009. Todos os dois contam com os serviços do músico Jack Lawrence, baixista do Greenhornes, grupo que também alcançou alguma luz dos holofotes com a "ajuda", mesmo que involuntária, do seu brother White.<br /><br />Como se não bastasse, Jack (o White) também é um competente produtor de diversos álbuns alheios, além do próprio White Stripes. Além de comandar lançamentos de bandas como Von Bondies, o sujeito chefiou a produção do excepcional álbum Van Lear Rose, da lenda country Loretta Lynn. Além de produzir, convocou parte de sua galera de Detroit para ajudar na composição, Lawrence e o baterista Patrick Keeler (Raconteurs) incluídos.<br /><br />Ou seja, você pode até não gostar, mas é inegável que Jack é um baluarte da música de sua cidade. Ele não só guia algumas mesas de mixagens, mas também é responsável pela formação de vários grupos que recrutam músicos locais. Na sua cidade tem um cara desses? <br /><br />E você já ouviu falar do Soledad Brothers, conjunto falecido e nativo da já citada capital de Michigan? Pois deveria. Jack também os produziu, o que revela uma inevitável tendência de se conectar ao blues. A música preferida dele é Grinnin In Your Face, canção de uma das lendas do Mississipi, o bluesman Son House. Em tempos como os nossos, onde o Timbaland domina sozinho as paradas de sucesso, nada como ter boas pessoas como White para manter queimando a chama desses gêneros musicais seminais, mas um tanto quanto esquecidos pelo mainstream.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-44706515604086293002009-10-18T01:17:00.002-02:002009-10-18T01:30:41.025-02:00<span style="font-weight:bold;">Dizzee Rascal, o atual dono de Londres</span><br /><br />A Região de Bow se situa na região noroeste de Londres e é, obviamente, dominada por torcedores do Arsenal e do Tottenham Hotspurs, os clubes de futebol que protagonizam o maior clássico esportivo da área. Todos os jogos entre ambos envolvem uma graúda dose de porradaria e mal estar, disseminando uma dor de cabeça gigantesca entre os nativos. No entanto, é improvável que algum desses <span style="font-style:italic;">hooligans</span> atendam por uma designação tão sincera quanto <span style="font-style:italic;">rascal</span> (patife, canalha).<br /><br />Dylan Kwabena Mills recebeu o apelido quando aluno do ensino médio em uma escola pública de Bow, uma das quatro instituições que expulsaram o moleque durante um número igual de anos. Além da periculosidade estudantil inata, Dylan mantinha no currículo algumas habilidades úteis que incluíam puxar carros e sair na mão com professores em geral. Tudo se encaminhava para o previsível fim, que pavimentava o caminho de mais um moleque negro sendo assassinado por versões britânicas do Capital Nascimento.<br /><br />Numa reviravolta digna de um dos melhores trabalhos de Frank Capra, Dizzee começou a compor utilizando-se de um computador da escola – sendo que música foi a única matéria onde ele conseguiu sobreviver, tendo sido impiedosamente chutado de todas as outras. Sua mãe (que se tornara viúva ainda na infância de Rascal) tratou logo de comprar os outros equipamentos necessários, o que capacitou Dizzee a se tornar um dj amador, ocupação essa tão disseminada e cobiçada na presente década. Aos 16 ele produziu seu primeiro single, o hit independente <span style="font-style:italic;">I Luv U</span>. Na música, estão presentes todos os maneirismos aprendidos por ele em sua curta vida de delinqüência, como a letra que descreve uma garota chantagista que se apóia em uma gravidez indesejada. Essa pequena bolacha serviu para apresentar o estilo pioneiro de Dizzee e seus trutas, que se apresenta com o nome de <span style="font-style:italic;">grime</span> (ritmo popular de Londres, uma mistura de hip-hop, dancehall e drum ‘n’ bass). A partir daí, foram três disquinhos de ouro e uma platina.<br /><br />Inicialmente ancorada no tal grime, obscuro, cheio de samples com linhas guturais de baixo, a carreira de Dizzee foi se desanuviando tal como a sua mente, digamos assim. As letras mal-humoradas do começo foram dado espaço a um hip-hop mais festeiro, arquitetado por ases da música eletrônica mundial. Algo como o Mantronix de 2009, com uma produção digna de 2009. É aí que entra “Tongue N' Cheek”, álbum lançado no fim de setembro. O abandono das raízes grime do início foi anunciado por ele mesmo. Dizzee agora queria algo mais pop, e recrutou os hypados djs Calvin Harris e Armand Van Helden para produzir o troço. Até tênis baseado no disco saiu! <br /><br />E o resultado é estupendo. Times, Guardian, NME, Pitchfork (e eu, né?), todo mundo elogiou o disco. A mistura bem dosada de música house, hip-hop e produtores calibrados, tudo isso ajudou a alicerçar um dos melhores lançamentos do ano. E peço desculpas pelo superlativo manjado. <br /><br />Em menos de um mês desde a liberação oficial do disco e em meio à época onde só doidos compram cds, Rascal já levou uma platina. Três singles do disco alcançaram o primeiro lugar na Inglaterra. Ele emplacou colaborações com figuras tão díspares como Alex Turner, Lily Allen e Chrome. É o novo rei de Londres, ao menos até segunda ordem.<br /><br />Com exceção de <span style="font-style:italic;">Chillin' wiv da Man Dem</span> e <span style="font-style:italic;">Leisure</span>, r & b’s mais contidos, todas as faixas de Tongue N’ Check podem, tranquilamente, ocupar sets de djs de quase todos os clubes noturnos do planeta. Não importa se você é um rocker preconceituoso ou algum nostálgico que defende a interdição da prática de fazer música. Experimente ouvir Dirtee Cash e Bonkers - onde o jovem Dylan Mills esclarece que ele não é <span style="font-style:italic;">bonkers</span> (doido), mas sim <span style="font-style:italic;">free</span> (livre) - e tente se manter indiferente.<br /><br />E, mesmo de má vontade, admito que até a faixa produzida pelo famigerado Tiësto, o rei (e culpado pelo vírus ) do trance mundial, é foda. Tenso.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-28543452972298695462009-10-15T00:29:00.000-03:002009-10-15T00:30:22.301-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/StaXRjyT_KI/AAAAAAAAABg/FFUIroZJpjo/s1600-h/Gardner,+Ava+(Killers,+The)_04.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 244px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/StaXRjyT_KI/AAAAAAAAABg/FFUIroZJpjo/s320/Gardner,+Ava+(Killers,+The)_04.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392663931742583970" /></a>William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-57754713608660735092009-10-11T23:00:00.005-03:002009-10-13T01:10:30.216-03:00Minha intenção com esse blog ridículo é falar de tudo. Ficou estiloso o ETA ali em cima do Messi com o Leandro, né? Pois é. Então, vai lá mais uma desocupação pouco inspirada:<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">E o emo, ficou pra quem?</span><br /><br />Ian Thomas Garner MacKaye é um simpático senhor calvo de 47 anos, completados em abril. Na ativa desde os 17, ele é o responsável por trazer à vida algumas bandas bem respeitadas por um bom número de gente, além da gravadora Dischord Records. Ele formou o Minor Threat, a principal banda hardcore straight edge da história e o Fugazi, que é uma dessas bandas que, mesmo que desconhecidas pelo público em geral (o seu vizinho fã do Nickelback provavelmente não conhece e provavelmente não vai gostar), são defendidas com galhardia ímpar por seus fãs. O Fugazi visitou o Brasil e 1998 e se encontra em hiato desde 2002.<br /><br />Outra notória criação de MacKaye é o Embrace, quarteto de Washington que existiu durante apenas um (produtivo) ano, entre 1985 e 1986. Apenas um álbum foi lançado pelo grupo, auto-intitulado. Uma das canções do disco se chama <span style="font-style:italic;">Dance of Days</span>, o que instantaneamente ativará em alguns uma conexão instantânea com outro coletivo musical, ainda vivo. Mas isso é assunto para outra hora.<br /><br />Ian MacKaye levou um tremendo susto em 1986. Ao abrir uma das edições da revista americana Thrasher, especializada em cultura <span style="font-style:italic;">skateboard</span> e que também abre espaço para resenhas musicais, o carequinha boa-praça leu no periódico que o Embrace fazia um som que poderia ser alcunhado de Emocore (Emotional Hardcore). Não só o Embrace, mas também outros grupos conterrâneos e contemporâneos, como o Rites Of Spring (cujo dono, Guy Picciotto, se tornaria um membro do Fugazi) e o Beefeater. Como não poderia deixar de ser, MacKaye se pronunciou em um show, onde dizia que “Emocore é a coisa mais estúpida” que ele já tinha lido e que “Hardcore já era ‘emocional’, pra começar”. O vídeo se encontra no youtube. Corre lá: http://www.youtube.com/watch?v=mbdh0Qm_5A0 .<br /><br />O Hardcore existe desde o fim da década de 70. Sempre se notabilizou por um som rascante, de pouca duração, uma variação ainda mais intempestiva do Punk Rock. Alguns dos inventores são o Black Flag, o Dead Kennedys, o Bad Brains e o já mencionado Minor Threat. O Black Flag e o Dead Kennedys se caracterizavam pelo humor negro no lirismo. “Olhe o que você fez com os seus braços. [...] Você nunca foi a garota dos sonhos, mas agora você está pior que antes”, berrava Henry Rollins, do Black Flag. Já Jello Biafra, do Kennedys, preferia musicar (ironicamente, of course, confrades) o seu apreço por dar cabo de criancinhas, e que a sua era a próxima. O Minor Threat estendia a bandeira do não uso de drogas. O Discharge e tantas outras se utilizavam de suas composições para se concentrar na expressão de suas convicções políticas. Os tópicos mais afeitos aos sentimentos humanos abordados por gente como o Embrace e o Rites Of Spring, juntando-se ao andamento mais lento e introspectivo das canções e ao termo (emo) de origem nebulosa, foram a deixa para a Thrasher e outras publicações e críticos começarem a bradar sobre o tal “Emocore” aos quatro pontos cardeais, nos anos 80.<br /><br />A nova nomenclatura, porém, se manteve nos guetos musicais durante um longo tempo. Foi resgatado, sabe-se lá como, exatamente, com a chegada do século XXI. Bandas como Good Charlotte e Dashboard Confessional, que se utilizam da fórmula “pop punk + letras sentimentais” fizeram retornar à baila a denominação usada uma década e meia atrás pela Thrasher. Só que agora o termo não mais se restringia à parte puramente musical da coisa. Se tornou uma extensão de comportamento. “Ser emo” era uma definição tão válida quanto “ser taciturno” ou “ser histérico”. Se você deixava vazar a informação de que tinha vertido algumas lágrimas durante a projeção de <span style="font-style:italic;">Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças</span>, você era emo. Se você tropeçava em público, você era emo. Se você tinha uma mp3 do Simple Plan, você era emo. E fim de conversa. Ao mesmo tempo em que se tornou uma vertente comportamental, o renascimento do nome trouxe consigo toda uma nova forma de vestuário. Franjas, Hello Kitty, acessórios com bolinhas. Era tudo emo.<br /><br />Canais <span style="font-style:italic;">major</span> de televisão, como a Rede Globo e o SBT, dedicaram matérias caprichadas ao tema, tudo em horário nobre, nada de reprise na madrugada. Rodolfo (aquele que andava com o ET, tão ligados?) chegou mesmo a levar um safanão de um suposto punk, ao se fantasiar de garoto emo para uma reportagem, nos arredores da galeria do rock paulista. Bandas brasileiras que explodiram recentemente, como Fresno e NX Zero, também foram introduzidas no grande e acolhedor saco chamado Emotional Hardcore. No entanto, tanto eles como a nova geração de bandas gringas fugiam/fogem do “rótulo” como lesmas da saleira. Ninguém nunca teve a coragem (?) de tomar pra si a classificação, que rendeu e ainda rende dividendos e mais dividendos de grana preta. De Ian Mackaye a Diego Ferrero, todo mundo fugiu com vigor impressionante do filho inglório.<br /><br />Por isso, refaço: o emo, produto rentável, ficou pra quem? Morreu incrustado nos cintos de rebite? <br /><br />Ou está hibernando por mais quinze anos pro “re-retorno” triunfal?William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-33136503559600051992009-10-08T23:53:00.003-03:002009-10-09T01:06:49.267-03:00<span style="font-weight:bold;">Um filme aleatório</span><br /><br />Billy The Kid, nascido Henry McCarty, é uma das figuras mais populares da história dos Estados Unidos. É figura certeira na primeira fila da árvore genealógica dos mitos norte-americanos, compartilhando o mesmo nível de Al Capone, John Dillinger e outros, para ficar só nos desobedientes à lei. Tendo vivido apenas vinte e um anos e alguns meses, se tornou uma referência em termos de bandidagem raramente vista até então, e mesmo desde então. Seu campo de atuação não se restringia apenas à nação estadunidense, mas também era figura tarimbada no México. Sua primeira prisão foi aos 14 anos, problema prontamente contornado por ele, ao fugir para o deserto mexicano e dar prosseguimento à sua jornada de punguista. Cometeu seu primeiro homicídio aos 17. Ele influenciou não só toda a cultura western, mas serviu de inspiração para obras magistrais de quadrinhos, como Tex.<br /><br />Paul Newman ainda não era um astro em maio de 1958. Um de seus filmes de 1956, Marcado pela Sarjeta (Somebody Up There Likes Me), havia alcançado a difícil tarefa de cair no gosto de público e crítica, atraindo alguns olhos para o até então desconhecido ator, mesmo que alguns desses olhares pudessem ter existido apenas pelo ofuscante brilho azul que saltava dos olhos do iminente galã. Marcado pela Sarjeta, em que Newman interpreta o boxeador Rocky Graziano, havia servido para consertar a auto-estima do ator, que havia sofrido um potente cruzado de direita com o fiasco de 1954 chamado Cálice Sagrado (The Silver Chalice), que, de tão ruim, obrigou o ator a publicar um anúncio de página inteira em um jornal de Los Angeles, desculpando-se pela risível atuação. Após as boas resenhas de Marcado pela Sarjeta, Newman era uma estrela ascendente, que se consolidaria em setembro de 1958, com o lançamento do clássico Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof), dividindo atenções com a (ainda) exuberante Liz Taylor e sendo indicado pela primeira vez ao Oscar. Antes do estouro deste, no entanto, Paul filmou uma jóia pouco conhecida, comandada por outra figura em início de carreira cinematográfica, o diretor Arthur Penn. <br /><br />A mais famosa adaptação da história de vida do pistoleiro Billy The Kid é, muito provavelmente, Pat Garrett & Billy The Kid, de 1973, do estupendo diretor Sam Peckinpah. Até por conta da trilha e participação cênica de Bob Dylan no filme, o que acabou obscurecendo Um De Nós Morrerá, que já não era a mais lembrada das obras cinematográficas, nem mesmo dentro das filmografias de Penn e Newman. Arthur Penn era um elogiado diretor de dramas televisivos, de 35 anos. Ele concebeu o roteiro de Um De Nós Morrerá junto com Leslie Stevens, e, inicialmente, os dois tencionavam entregar o papel ao ícone James Dean, que morrera em 1955. Coube a Paul Newman interpretar essa nova encarnação do lendário fora-da-lei, figura tão carismática e conhecida em solo americano quanto qualquer um dos Kennedys. Na versão de Penn, o criminoso ainda não era conhecido pelo apelido. Era William Bonney, jovem forasteiro que aparece na fazenda do rico proprietário de terras Tunstall (conhecido como “O Inglês”), afirmando estar vagando desde Kansas até aparecer no Condado de Lincoln, no atual estado de Novo México, procurando qualquer tipo de trabalho para matar a fome. Ele é pouco instruído, mas Tunstall confia no rapaz e o emprega. A fama do recém-chegado já não é das melhores, com um dos empregados espalhando uma história de um possível assassinato de Bonney já aos 11 anos de idade, que teria sido cometido no Texas. <br /><br />Ainda assim, o proprietário simpatiza com o garoto e até começa a ensiná-lo a ler, mas é assassinado pouco depois por um fazendeiro rival, o que instiga ainda mais o instinto sanguinário do jovem Bonney, já naturalmente incendiário. Ele se une a dois capangas, também empregados d’O Inglês, e parte em busca de vingança contra os homens que assassinaram o homem que o acolheu de tão bom grado. Não demora muito para que os cartazes de “Procurado”, existentes em todo o condado, comecem a estampar o nome do rapaz, que, com suas peripécias ilegais, enfim se tornara Billy The Kid. O típico sotaque sulista está sempre presente em todo o filme, e ainda há passagens condizentes com a história real do fora-da-lei, como os primeiros encontros com Pat Garrett, o xerife que vai se tornando descontente com os novos rumos que Billy decidiu seguir e se torna o seu principal antagonista. O título original, Left Handed Gun, se refere à crença de que William era um canhoto e utilizava a mão esquerda para mandar os seus inimigos ao “mais profundo dos infernos”, como ele mesmo diria. <br /><br />Um De Nós Morrerá foi lançado em maio de 1958, quatro meses antes de Gata do Teto de Zinco Quente, que consagrou definitivamente Paul Newman como figura importante em Hollywood. Os outros atores são ainda mais desconhecidos, portanto, não há astros na película. Talvez por isso não há tantos closes. Penn prefere enquadrar os atores de corpo inteiro ou de longe. Em noventa e oito minutos, acompanhamos as mudanças de humor de Bill Bonney, da arredia presença do começo até o rapaz amargurado e repleto de dúvidas que vai aos poucos suprimindo o personagem anterior. A atuação do protagonista é firme e nos confere a credibilidade necessária para levar em conta a abordagem atípica do diretor, sugerindo novas facetas psicológicas ao notório pistoleiro. Penn não nega que William Bonney é um bandido, e dos mais periculosos. Mas ele sugere algo mais.<br /><br />Na presente década, tão distante do século XIX que deu luz ao criminoso, você, munido apenas da corriqueira internet e de alguma curiosidade um pouco acima da média, tem acesso fácil ao filme em questão, que é conhecido apenas por alguns cinéfilos dedicados e espalhados pelo mundo. A obra ainda foi engolida pelo sucesso esmagador e subseqüente de Paul Newman e de Penn, que dirigiu, dentre outros, Bonnie & Clyde (com Warren Beaty e Faye Dunaway) em 1967, conseguindo, enfim, ganhar (muito) dinheiro com cinema.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-6057094346828591612009-10-06T18:44:00.001-03:002009-10-06T18:45:11.741-03:00<span style="font-weight:bold;">A música e o crime</span><br /><span style="font-style:italic;">Ligações perigosas</span><br /><br />Sharon Lawrence, biógrafa e amiga do falecido James Marshall Hendrix, relata na sua biografia do mais adorado dos guitarristas da história de todo o Rock ‘n’ Roll: “Em fevereiro de 1967, a polícia de Sussex fizera uma batida na casa de Keith Richards e encontrara, segundo relataram, ‘várias substâncias de natureza suspeita’. Mick Jagger foi acusado da posse de quatro pequenas pílulas redondas encontradas no bolso de uma jaqueta que na verdade eram de Mariane Faithfull, namorada dele na época. [...] Eles foram levados a julgamento no final de junho. O juiz condenou Jagger a um ano de prisão e a pagar uma multa de 500 libras. A sentença de Richards foi mais branda: três meses de prisão e multa de 100 libras. [...] – Mick me disse que chorou ao ouvir a sentença no tribunal – falou Jimi Hendrix – Ele e Keith estavam com um medo terrível.” (Lawrence, Sharon, 2005, p. 166)<br /><br />A criminalidade povoa a humanidade desde o mais remoto dos tempos. Não só pelo instinto homicida demonstrado por alguns expoentes do genocídio, de seitas insanas ou de assassinatos em série. Não só por exemplos como Nero, o piromaníaco (e suposto artista) de Roma, Genghis Khan, o conquistador da China ou Adolf Hitler, o mais notório dos eliminadores da espécie humana. Músicos proeminentes em geral também flertam, em constância assustadora, com o lado mais malvisto dos valores humanos. <br /><br />Tanto Jagger quanto Richards, no incidente relatado por Sharon, não cumpriram, de fato, a estadia na prisão, mas a mancha no currículo moral já era irreversível. O próprio Hendrix lidou com um processo semelhante pouco tempo depois, sendo absolvido, após estressantes e humilhantes julgamentos de conduta. O alívio do guitarrista foi ser inocentado em duas frentes, tanto os julgamentos oficiais, presididos por uma corte e um júri, quanto aquele outro julgamento mais visceral, conduzido pelo olhar crítico da sociedade e que pode acabar por ser de vigência vitalícia. <br /><br />Quando os poderosos tentáculos da lei alcançam figuras proeminentes do circuito musical, não atingem apenas os roqueiros. Acabam por abraçar também envolvidos com um tipo de música, digamos, mais “acadêmico”. Thelonious Monk, um dos fundadores do jazz bebop, foi acusado em 1951 de posse de narcóticos, que foram encontrados após uma revista em seu carro. As drogas pertenciam a um amigo de Monk, outro influente pianista do bop, Bud Powell. Mas, ainda sim, Thelonious teve cassada a sua licença de se apresentar em Nova Iorque, tendo perdido na década de 50 diversas oportunidades de realizar concertos na cidade, vizinha do berço explêndido de todos as subdivisões mais influentes do Jazz, Nova Orleans. Bud já havia tido problemas suficientes com policiais, sendo espancado em um incidente no ano de 1945, época do auge do bop. Em 1947, foi internado num hospital psiquiátrico, onde teve o cérebro permanentemente danificado por eletrochoques.<br /><br />Merle Haggard, lenda ainda viva da música country (e cujo disco I'm a Lonesome Fugitive deveria ser ouvido por qualquer um) se encontrou no xilindró em 1957, após uma patética tentativa de assaltar uma taverna em Bakersfield, Califórnia, para tentar saldar algumas dívidas. Ele foi enviado a San Quentin por três anos, famoso presídio que chegou a receber apresentações de outro gigante do country, Johnny Cash, o homem de preto. Cash só não cumpriu ele mesmo alguns anos em San Quentin por aquilo que algumas culturas chamam de sorte, pois se tratava de notório e compulsivo consumidor de barbitúricos. E suas versões para canções de lirismo explícito que abordavam o crime e drogas em geral (“I took a shot of cocaine and I shot my woman down”) também saíram ilesas, no fim das contas<br /><br />Por falar em lirismo, a língua inglesa sempre se diluiu em alguns muitos dialetos, para desespero de alguns acadêmicos. Em Londres temos o cockney e em Liverpool temos o scouse, ambos devidamente incomprensíveis para quem ainda está no estudo do verbo to be. Já aos estadunidenses sobra o eye dialect, sendo que esse foi usado com freqüência por escribas clássicos como Mark Twain e William Faulkner. Nessa particular subdivisão da língua anglo-saxônica, o objetivo é se utilizar de uma soletração diferente para chamar a atenção para a pronúncia. Daí, “killer” se torna “killa”, e “gangster” se torna “gangsta”.<br /><br />Foi a partir dessa contração pouco convencional que se originou a nomenclatura do famigerado Gangsta Rap, subclasse (mais) violenta do lirismo rap. O gênero nasceu nos 80, tendo como alguns expoentes os rappers Ice T e Schooly D. É alvo fácil de críticas de religiosos e defensores da moral, que os acusam de promover a apologia ao crime como forma de vida. Alguns dos artistas identificados pelo estilo cometeram, de fato, obstruções conta a lei. Alguns exemplos incluem o falecido Tupac Shakur e Snoop Dogg, ambos com passagens pelo xilindró. Tupac recebeu discos de ouro na cadeia, por seu álbum Me Against The World. Ele cumpria prisão por abuso sexual. <br /><br />Os exemplos não ficam apenas no mainstream. Bertrand Cantat, vocalista da banda francesa de rock alternativo Noir Désir, cumpre pena, atualmente em liberdade condicional, por ter assassinato a namorada utilizando-se apenas de suas mãos nuas. Como não poderia deixar de ser, o vice-versa aconteceu. Felix Pappalardi, do Mountain, foi assassinado por sua própria esposa. As ocorrências criminais envolvendo músicos são múltiplas, envolvendo milhares de delitos diversos, e inundariam todo o banco de dados desse blog. <br /><br />E alguns deles parecem nem se importar muito. Afinal, como é mesmo um dos ditos mais conhecidos de Keith Richards? “Nunca tive problemas com drogas, só com a polícia”.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-57788041743339751792009-10-02T14:03:00.002-03:002009-10-02T14:28:11.249-03:00<span style="font-weight:bold;">They shoot horses, don't they?</span><br /><br />Confesso que me interesso pela história de alguns movimentos armados. E o ETA faz 50 anos em 2009. A sigla significa Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade) e o lema do grupo é <span style="font-style:italic;">Bietan jarrai</span>, que significa "Seguir nas Duas". As duas, no caso, são as lutas militar e a política. <br /><br />Como qualquer estudante primário de história sabe, o ETA luta pela independência total do País Basco, que compreende alguns territórios situados no noroeste da Espanha e no sul da França. Com o Tratado de Guernica, em 1979, a região adquiriu autonomia e parlamento próprios, mas para o grupo, considerado terrorista pela maioria dos países que mandam no mundo, isso não é suficiente. <br /><br />As ações da organização assassinaram cerca de 800 pessoas, um pouco menos que outro exército de libertação igualmente famoso, o IRA. Chegaram mesmo a assassinar um primeiro-ministro, Carreiro Blanco, ao adornarem o carro oficial do governista com uma bomba, em 73. A região abriga também um famoso clube de futebol, Athletic Club de Bilbao, que só aceita jogadores nascidos ou criados no território basco.<br /><br />O ETA afirmou ter deposto as suas armas em 2006, mas o seu próprio lema parecia duvidar. E em 2007 eles estavam de volta. Aguardem notícias.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-78892796802172289702009-09-29T23:38:00.015-03:002009-09-29T23:45:58.882-03:00<span style="font-weight:bold;">Imagem do ano</span><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SsLGAf-eBNI/AAAAAAAAABQ/nwbxtECyGDI/s1600-h/0000019171.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 220px; height: 300px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_KbjfOrTUgYY/SsLGAf-eBNI/AAAAAAAAABQ/nwbxtECyGDI/s320/0000019171.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5387085816174347474" /></a> <br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Leandro Almeida marcando MessiWilliam Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-40834823373216319172009-09-25T17:11:00.000-03:002009-09-25T17:12:41.208-03:00<span style="font-weight:bold;">Poder cru no sete de novembro</span><br /><span style="font-style:italic;">O Planeta Terra sobreviverá a Raw Power?<br /></span><br />Os Stooges ainda vivos anunciaram que vão reproduzir, na íntegra, o clássico álbum Raw Power (de 1973), no All Tomorrow’s Parties em Londres, nos dias 2 e 3 de Maio de 2010. Longe de ser mera coincidência, pois a nova formação dos Patetas traz James Williamson, que esteve nas gravação do disco supracitado. Iggy e seus amigos foram confirmados no Planeta Terra 2009, e o boato que permeia a web é que por aqui também irá rolar execução integral da bolacha.<br /><br />Pouco antes das gravações do álbum em questão, a banda havia sido literalmente expulsa pela Elektra Records, devido ao comportamento desordeiro de seus integrantes e das ridículas vendagens que eles conseguiram. O disco é da época em que Iggy se cansou de Ann Arbor, Detroit e de todo o roqueiro estado de Michigan e se mandou para Londres com Williamson, onde aprontaram altas curtições com o novo melhor amigo de Pop, o onipresente David Bowie. Daí, Raw Power foi o primeiro dos então três lançamentos do grupo a receber uma alcunha diferente, com o nome do cantor atrelado ao nome da banda. “Iggy & The Stooges”, tal como “Velvet Underground & Nico”. Os irmãos Asheton, presentes na cozinha dos dois primeiros álbuns, voltaram, já que Iggy e James não conseguiram nada melhor para substituí-los na ilha. Como o grupo implodiu novamente em 1974 (com Iggy saindo diretamente para a rehab) , para retornar apenas depois de longínquos vinte e nove anos, não é sacrilégio afirmar que o Iguana havia cansado, ao menos por ora, dos seus antigos brothers de Michigan. Mas tudo bem, pois Raw Power já havia sido concebido e se juntado ao auto-intitulado primeiro álbum e a Funhouse, transportando o Stooges ao concorrido panteão de bandas sem discos ruins (antes do contestado The Weirdness, claro).<br /><br />O disco foi inicialmente produzido e mixado por Iggy e o resultado final foi visto pela gravadora Mainman como uma tremenda merda, do ponto de vista técnico. Apesar de que mãozinha de Bowie na remixagem pudesse despertar alguma desconfiança de que a banda acharia em seu âmago algum espaço para o “Art Rock” do camaleão, a estrutura primária do álbum é a mesma dos anteriores, músicas em forma de míssil, exportadas diretamente dos porões do estado natal. Não há nenhuma doideira excepcional do nível de We Will Fall, um coro fantasmagórico de dez minutos presente no primeiro lançamento dos Patetas. No entanto, há espaço para duas músicas de menor octanagem, Gimme Danger e I Need Somebody. Nenhuma das duas é afetuosa como qualquer uma daquelas canções do Sgt. Peppers, mas inegavelmente são duas solitárias ilhas de razoável sossego em meio à pancadaria que predomina.<br /><br />As águas do Tâmisa não congelaram o candente coração de Iggy. Só que, na mesma canção em que ele grita que “o seu lindo rostinho está indo pro inferno”, ele se ajoelha com “eu quero me entregar a um amor tão doce”. Mas tudo bem, afinal ele é um rockstar e esse povo sempre foi esquisito por excelência.” A cataclísmica Search And Destroy divaga sobre o Vietnã, assunto tão em voga naquela época como Kanye West e Taylor Swift no presente. O primeiro verso da música (e do álbum) é “Eu sou um leopardo das ruas com um coração cheio de napalm”. Só pra deixar as coisas bem claras.<br /><br />Raw Power, além de constar em zilhões de listas de melhores de todos os tempos, influenciou uma pá de gente diferente, de Smiths à Guns ‘n Roses. Kurt Cobain declarou certa vez de que se tratava do seu disco preferido. Johnny Marr admite a influência de Gimme Danger em Hand In Glove, sucesso dos Smiths. Já o Guns realizou um belo cover (até para mim, que não gosto deles) da faixa-título em seu álbum de covers, The Spaghetti Incident?. Você deveria ouvir, caso não conheça, assim como deveria ouvir o inusitado cover que Ewan McGregor, ator do escocês Trainspotting, realizou de Gimme Danger em outro de seus filmes, Velvet Goldmine. Youtube neles.William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-27718582.post-81098987529591994692009-09-23T20:14:00.001-03:002009-09-23T20:15:42.890-03:00<span style="font-weight:bold;">John Lydon vs Johnny Rotten </span><br /><span style="font-style:italic;">O primeiro está de volta, o segundo continua adormecido</span><br /><br /><br />As referências bibliográficas, virtuais ou impressas, relativas à cultura musical que concentra os anos de 1975 à 1977, ignoram um rapaz chamado John Joseph Lydon. Só se ouve falar de um alter ego sacana e infame, Johnny Rotten, que liderou uma série de ataques verbais à realeza inglesa durante este breve período, além de trazer ao mundo algumas poucas canções nesta banda em que ele se encarregava dos vocais. Apesar de alguns rumores (despeitados, talvez) propagados por gente graúda da música de que ele e seus asseclas do Sex Pistols (sim, o nome era esse mesmo) se tratavam apenas de bonecos teleguiados pela indústria ditadora de comportamentos, esses garotos causaram um barulho cataclísmico durante a breve existência. Um deles até se envolveu em um caso de assassinato ainda mal solucionado, seguido de um suposto suicídio. Toda a balbúrdia detonada por eles deu rebento a apenas um disco de estúdio, devidamente canonizado por listas e mais listas de alguns críticos influentes, enquanto achincalhado por outros, tal como acontece comumente com todas as obras do universo.<br /><br />John Lydon só veio ao mundo de fato em 1978, e manejando o leme de outro conjunto igualmente esquisito, mas a excentricidade do mesmo se propagava de outra forma. Enquanto um ano antes ele berrava do fundo de seu odioso coração contra a escassez de ocupações formais na ilha britânica, em canções objetivas que mal alcançavam os três minutos, agora ele se apresentava com o Public Image Ltd. Enquanto o Sex Pistols se utilizava daquele rock urgente descrito sabiamente por Legs McNeil e Gillian McCain como Punk Rock, o novo grupo era bem mais abrangente. Lydon ainda se apresentava ao vivo da mesma forma, agarrando-se ao microfone e arregalando os olhos vidrados como se o amanhã fosse algo improvável. Só que a nova banda era bem mais experimental e dissonante e não se furtava em tomar a extrema audácia de iniciar os seus discos com canções de... nove minutos! Essa nova encarnação do cidadão era mesmo muito insólita.<br /><br />O debut do Public Image saiu em 1978 e se chamava First Issue. Com influência perceptível de grupos de krautrock como o Can, era a prova de que o nosso Joãozinho tinha cartas escondidas na manga, tipo aquele avô seu que te rouba descaradamente no pôquer, debaixo do seu nariz. O disco foi lançado pouco menos que doze meses depois do solitário filhote de estúdio do Sex Pistols. Será que John Lydon nasceu dentro desse tempo? Ou o que as estarrecidas platéias de 1978 viam era o verdadeiro eu do rapaz, suprimido pela vontade incontida de cuspir metaforicamente na cara da rainha?<br /><br />Os outros dois discos subseqüentes do grupo também conquistaram vendagens razoáveis na Grã-Bretanha, além de algumas resenhas entusiasmadas. O segundo álbum, Metal Box, foi lançado originalmente no formato do título, e homenageado depois por alguns magos da música alternativa, como Steve Albini e seu Big Black. Enquanto os álbuns iam saindo, Lydon ia soltando algumas declarações condizentes com a novíssima sonoridade proposta por ele. Coisas como “se o rock ‘n’ roll me destruir, farei com que ele seja destruído comigo”, concedida à Rolling Stone. <br /><br /><br />De qualquer forma, dezessete anos depois do término, o PiL está de volta, sim, no longínquo ano de 2009, ao menos para uma turnê. Só o vocalista retorna ao posto, dos membros originais. O guitarrista Keith Levine e o baixista Jah Wobble não constam da nota de retorno. Como é que se chamava mesmo a tour de volta dos Pistols originais, The Filth Lucre?William Alveshttp://www.blogger.com/profile/14916591272872142109noreply@blogger.com0